“Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos corações sábios.”
(Salmo 90:12)
A Bíblia frequentemente nos lembra que o tempo é um dom sagrado — uma dádiva que não pode ser guardada, apenas vivida. O salmista clama a Deus para aprender a contar os dias, não no sentido numérico, mas no sentido existencial: perceber que cada instante é uma oportunidade de crescimento, amor e transformação interior.
O apóstolo Paulo ecoa isso ao dizer:
“Aproveitai bem o tempo, porque os dias são maus.”
(Efésios 5:16)
Não é apenas um convite à produtividade, mas à consciência. Em tempos de distração e pressa, usar bem o tempo significa não desperdiçá-lo em vaidades, rancores ou ilusões. É dedicar o tempo ao que realmente edifica — a fé, o bem, o amor, o conhecimento e a presença.
Para os filósofos, o tempo é o tecido sobre o qual bordamos o sentido.
Sêneca, em Da Brevidade da Vida, escreveu:
“Não é que tenhamos pouco tempo, mas que perdemos muito dele.”
Ele nos lembra que a vida é longa o bastante se for vivida com propósito. Assim, o verdadeiro desperdício não está nos anos curtos, mas nas horas vazias de significado.
Agostinho, em suas Confissões, reflete que o tempo é um mistério que habita dentro de nós — não existe fora, mas na memória do passado, na atenção ao presente e na esperança do futuro. O presente, diz ele, é o único tempo que realmente temos, e nele se decide o eterno.
Usar bem o tempo, portanto, não é correr, nem acumular experiências, mas habitar o instante com profundidade.
É compreender que cada dia pode ser um altar onde oferecemos o melhor de nós — uma palavra de consolo, um gesto de perdão, um silêncio de escuta.
Viver bem o tempo é alinhar-se ao eterno, reconhecer que a existência é breve, mas o amor que plantamos nela é o que permanece.
“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu.”
(Eclesiastes 3:1)
E o nosso tempo — este breve sopro — pode ser o tempo certo de viver com sabedoria, fé e presença.
Reflexão: Odair José, Poeta Cacerense