quarta-feira, 13 de julho de 2022

A alienação nos chamados "louvorzões"!

        No último culto de Santa Ceia na AD onde congrego, o Pastor deu oportunidades para quem quisesse cantar um louvor. O que me chamou a atenção foi que ele priorizou os louvores do "fundo do baú". Detalhe observado enquanto as irmãs e irmãos cantavam os hinos antigos foi a essência desses louvores eternizados por suas letras e canções com a unção de Deus. A diferença é gritante quando comparado com a grande maioria dos chamados "louvores" de hoje em dia. Com raras exceções, o que vemos nos tempos atuais são letras e canções sem fundamentação bíblica e que exaltam mais a criatura do que o Criador. Não quero me incorrer nas generalizações, mas pontuar alguns detalhes para observarmos o que está acontecendo. 
 
    Nem todo louvor agrada a Deus, pois em alguns casos ele se torna um momento de exibição, distração e passatempo. Isto é o que acontece nos chamados louvorzões. É um sucessivo desfile de "cantores", um barulho ensurdecedor, hinos que exaltam mais o ser humano, letras que destilam inverdades, em detrimento da Palavra de Deus que, infelizmente, fica restrita a 10, 15 minutos finais que não dá tempo nem do pregador fazer a introdução da mensagem. Sem contar que a maioria das pessoas já estão cansadas de tanto barulho e nem conseguem mais aprender nada com a Palavra. Para piorar a situação, ainda tem aqueles, e não são poucos, que se levantam para ir ao banheiro ou fazer qualquer outra coisa na hora da mensagem. 
 
    Infelizmente, boa parte dos louvores de hoje em dia estão fora dos padrões de adoração a Deus. Posso pontuar pelo menos quatro características que provam isso, mas não posso me restringir apenas a essas quatros. 
 
    Em primeiro lugar estão os louvores que exaltam o monopólio do Espírito. São aqueles cânticos que se referem ao Espírito Santo mais como uma posse individual do que comunitária. São inúmeros hinos que destacam isso. A pessoa é dona do Espírito Santo e Ele não passa de uma marionete nas mãos das pessoas. 
 
    Em segundo lugar estão os hinos que exaltam a guerra santa. São cânticos que destacam a conduta militar. Nesses hinos são apresentados os valentes de guerras: Gideão, Josué, Davi, Josafá, entre outros. Só que o clima do exército que sempre ganha mascara uma realidade, isto é, a de que não se vence sempre. Por outro lado, não destaca que, para se ganhar uma guerra é necessário preparo e isso as letras dos hinos não falam. Além disso, quando se dá muito destaque ao militarismo, esquecem-se do pacifismo pregado por Jesus. Ele nos aconselhou perdoar e orar pelos nossos inimigos, não matá-los. Mais do que guerrear, o crente deve estar apto para amar o seu próximo. 
 
    Em terceiro lugar estão os cânticos do andar de cima. São os hinos que colocam Deus longe do ser humano, nas nuvens, no trono do céu, exaltando mais a sua transcendência. O perigo desses hinos é que torna-se evidente que tais canções favorecem o êxtase e o emocionalismo em detrimento do uso da razão. Levados pelo emocionalismo as pessoas são alienadas da realidade e facilmente manipuláveis. 
 
    Em quarto lugar estão os hinos que supervalorizam o ser humano. Quantos nos louvorzões se esquecem de Deus e passam a se preocupar consigo mesmos! Há uma supervalorização do ser humano, um antropocentrismo exacerbado e uma verdadeira adoração à personalidade. O louvor deve ser para engrandecer a glória de Deus e não inflar o ego das pessoas. O grande mal é que muitas pessoas cantam esses hinos e nem ao menos sabem o seu verdadeiro intento. Alguns são tão nocivos que impregnam na nossa mente e somos induzidos ao erro sem ter noção disso.
 
    Precisamos urgentemente rever os nossos conceitos. Voltarmos a uma atitude de adoradores e não apenas meros espectadores de shows gospel. Muita gente está falando a Deus, usando o nome de Deus, mas Deus não está ouvindo porque conhece o coração dessas pessoas. A Palavra de Deus nos adverte solenemente sobre o louvor dissociado do compromisso com a justiça e a adoração a Deus: "Odeio, desprezo as vossas festas, e as vossas assembleias solenes não me exalarão bom cheiro. E ainda que me ofereçais holocaustos, ofertas de alimentos, não me agradarei delas; nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais gordos. Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias das tuas violas." Amós 5:21-23. 
 
    Que Deus tenha misericórdia de cada um de nós e que possamos fazer um compromisso de adorá-lo na beleza de sua santidade. É o senhor quem nos dá o fôlego de vida, nada mais justo do que darmos a Ele todo o verdadeiro louvor em gratidão. 
 
Reflexão: Odair José, Poeta Cacerense

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