A afirmação de que o ser humano é o que pensa carrega uma verdade profunda, ainda que frequentemente simplificada. Pensar não é apenas um ato interno e silencioso; é um gesto criador. O pensamento molda a forma como percebemos o mundo e, mais do que isso, como agimos dentro dele. Não vivemos a realidade “como ela é”, mas como ela nos atravessa — e esse atravessamento passa, inevitavelmente, pela mente.
Quando o pensamento se fixa no mal, na dor ou na doença, ele não cria esses elementos do nada, mas os amplifica. O olhar passa a procurar confirmações da própria angústia. O corpo responde com tensão, o espírito com cansaço, e as escolhas tendem a reforçar o ciclo do sofrimento. Assim, o pensamento negativo não é uma maldição mística, mas um filtro: tudo o que passa por ele sai escurecido.
Por outro lado, pensar na saúde, na alegria e na prosperidade não significa negar a existência da dor ou fingir que o mundo é justo. Pensar positivo não é ilusão; é direção. Quando a mente se orienta para possibilidades de crescimento, o ser humano se torna mais atento às oportunidades, mais resiliente diante das quedas e mais disposto a agir. O pensamento, nesse sentido, funciona como um leme: não controla o mar, mas define o rumo do barco.
O segredo do pensamento positivo não está em repetir frases vazias ou acreditar cegamente que tudo dará certo. Ele reside na disciplina interior de escolher onde repousar a atenção. Aquilo que recebe atenção cresce. Aquilo que é constantemente alimentado pela mente ganha forma na realidade concreta — seja como atitude, decisão ou hábito.
Há, portanto, uma responsabilidade silenciosa em pensar. Pensar é semear. Nem toda semente germina, mas nenhuma germina sem ter sido plantada. O ser humano não é apenas o que pensa, mas torna-se, pouco a pouco, aquilo que insiste em pensar. E nesse espaço íntimo e invisível, onde ninguém mais entra, começa a transformação mais decisiva de todas.
Reflexão: Odair José, Poeta Cacerense

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