segunda-feira, 29 de dezembro de 2025

O depois pode nunca chegar

    Fazer o máximo esforço para alcançar o conhecimento é um gesto de urgência diante da fragilidade do tempo. Não porque o saber garanta respostas finais, mas porque ele amplia a consciência do agora. Adiar o aprendizado é confiar demais na promessa do “depois”, como se o futuro fosse um território garantido, quando na verdade é apenas uma hipótese. 
 
    O conhecimento exige presença. Ele não floresce na procrastinação, nem se acomoda na espera passiva. Cada dia adiado é um espaço em branco que talvez nunca seja preenchido. O “depois” carrega uma armadilha silenciosa: ele nos conforta com a ilusão de continuidade, enquanto a vida avança sem pedir permissão. 
 
    Buscar o conhecimento agora é um ato de resistência contra a ignorância que se instala lentamente, quase imperceptível. É reconhecer que o tempo não é um aliado fiel, mas um visitante imprevisível. Aprender hoje não é ansiedade pelo futuro; é respeito pelo instante que existe. 
 
    Há também uma dimensão ética nessa escolha. Quem aprende amplia sua capacidade de compreender o outro, o mundo e a si mesmo. Postergar esse movimento é adiar a própria transformação. E a transformação, quando não acontece, não fica em suspenso — ela simplesmente se perde. 
 
    Por isso, não deixe para depois. O conhecimento não espera, e o tempo tampouco. O agora é o único território onde o esforço é possível, onde a mente está viva e onde o aprendizado pode, de fato, acontecer. 
 
Reflexão: Odair José, Poeta Cacerense

Nenhum comentário:

Postar um comentário