A sabedoria é a melhor coisa que alguém pode desejar porque ela não se limita a possuir respostas, mas a compreender perguntas. Diferente do poder, da riqueza ou do prestígio, a sabedoria não pesa nas mãos nem se desgasta com o tempo; ao contrário, amadurece silenciosamente dentro de quem a cultiva. Ela ensina a escolher com cuidado, a calar quando o silêncio é mais eloquente que a fala e a agir com humanidade mesmo quando o mundo insiste na pressa e na brutalidade.
A leitura, nesse caminho, é mais do que um hábito: é uma travessia. Cada livro é uma porta aberta para outras consciências, outras épocas, outras dores e esperanças. Ao ler, o indivíduo se afasta momentaneamente de si para, paradoxalmente, voltar mais inteiro. Aprende com erros que não cometeu, sofre com perdas que não viveu e amadurece com experiências que jamais caberiam em uma única existência. A leitura expande o olhar, dissolve certezas rígidas e ensina que o mundo é sempre maior e mais complexo do que nossas convicções imediatas.
Ler também é um exercício de humildade. Ao reconhecer a inteligência e a sensibilidade do outro, o leitor aceita que não sabe tudo — e é justamente nesse reconhecimento que a sabedoria começa a se formar. Quem lê aprende a desconfiar de verdades absolutas, a questionar discursos fáceis e a perceber as entrelinhas da realidade. A leitura afina o espírito crítico e fortalece a autonomia do pensamento, protegendo o indivíduo da submissão cega a ideias prontas.
Assim, desejar sabedoria é desejar profundidade, e escolher a leitura como caminho é optar por um crescimento silencioso, porém transformador. Em um mundo que valoriza respostas rápidas e opiniões rasas, o leitor segue na contramão: caminha devagar, pensa mais fundo e compreende melhor. E talvez seja isso, no fim, que torne a sabedoria o maior dos desejos — e a leitura, o mais fiel dos guias.
Reflexão: Odair José, Poeta Cacerense

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