Aprender a repousar a mente é um gesto de lucidez, não de fuga. Vivemos sob a ilusão de que pensar sem parar é sinônimo de produtividade, quando muitas vezes é exatamente o contrário. A mente cansada não falha por falta de inteligência, mas por excesso de peso. Pensamentos acumulados, preocupações sobrepostas, ruídos constantes: tudo isso forma uma névoa que distorce a realidade e empobrece o julgamento.
O cansaço mental não se manifesta apenas como exaustão, mas como imprecisão. Decisões tornam-se impulsivas, ideias perdem profundidade, emoções assumem o comando. Quando o cérebro está fatigado, ele não cria. Apenas reage. E reagir é sempre mais raso do que escolher com consciência. Por isso, insistir em pensar sem descanso é como tentar enxergar longe com os olhos inflamados: quanto mais esforço, menos clareza.
Repousar o cérebro não é desligá-lo, mas devolvê-lo ao seu ritmo natural. É permitir que o pensamento desacelere para que o sentido emerja. No silêncio, na pausa, no ócio consciente, o cérebro reorganiza o que estava confuso. As ideias encontram seu lugar, os sentimentos se acomodam, e aquilo que antes parecia um labirinto revela um caminho simples. A clareza não nasce da pressa, mas da serenidade.
Pensar com acerto exige descanso; pensar com alegria exige leveza. Uma mente repousada não apenas resolve problemas — ela os compreende melhor. Há uma sabedoria discreta em saber parar, respirar e confiar que o pensamento precisa de espaço para florescer. Assim como a terra precisa do descanso entre as colheitas, o cérebro precisa de pausas para continuar fértil.
Repousar a mente é, portanto, um ato de cuidado e maturidade. É reconhecer os próprios limites para ampliar as próprias possibilidades. Quando descansamos o cérebro, não perdemos tempo: ganhamos lucidez, precisão e alegria. E pensar com alegria talvez seja uma das formas mais profundas de viver bem.
Reflexão: Odair José, Poeta Cacerense

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