terça-feira, 12 de agosto de 2025

O dia que vivemos

    Li recentemente uma frase que ficou martelando minha mente. Ela dizia mais ou menos assim: "A cada dia cumprido, celebre. Você está plantando um novo caminho." 
 
    Sob a luz da filosofia estoica, essa frase carrega uma verdade silenciosa: o dia que vivemos é o único sobre o qual temos algum domínio. Sêneca lembrava que não é a vida curta, mas nós é que a desperdiçamos, e celebrar cada dia é o ato consciente de reconhecer que ele não foi perdido. A celebração não precisa ser ruidosa; pode ser um suspiro de gratidão, um olhar para trás e o reconhecimento de que, mesmo diante das intempéries, você não se desviou do propósito. 
 
    O estoico não festeja porque o mundo foi fácil, mas porque, diante da dificuldade, a virtude foi preservada. Cada passo dado, mesmo pequeno, é uma vitória sobre a estagnação. É plantar — não apenas para si, mas para os que virão. 
 
    A mensagem bíblica reforça esse princípio: "Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor, e não para homens" (Colossenses 3:23). Cada ato, cada escolha, é uma semente invisível que o tempo e a providência farão germinar. Celebrar o dia é reconhecer que o trabalho foi feito com fé e diligência, mesmo que os frutos ainda não estejam à vista. 
 
    Há ainda o eco de Gálatas 6:9: "E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos." O novo caminho que você planta hoje é regado não apenas por esforço, mas por perseverança e esperança. 
 
    Assim, celebrar não é apenas alegria pelo que passou, mas confiança no que está por vir. É entender que cada amanhecer oferece um terreno virgem, e cada entardecer, um campo recém-semeado. O estoico sabe que não controla a colheita, e a fé ensina que ela virá — no tempo certo. 
 
Reflexão: Odair José, Poeta Cacerense

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