quarta-feira, 20 de abril de 2022

As Heresias Colossenses

   

    E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição(2Pe 2.1).

    O antídoto contra as heresias é o ensino derivado da sã doutrina da Palavra de Deus.

COLOSSOS — UMA CIDADE IMPORTANTE

    Colossos situava-se na região sul da Frígia, no vale do rio Lico, afluente do rio Meandro, região hoje pertencente à Turquia ocidental. Situava-se na importante via comercial romana que, partindo de Éfeso, se dirigia para o Oriente através da Frígia. Nos seus primórdios, graças ao seu movimento comercial, Colossos foi uma cidade importante em termos religiosos e culturais. Na época do apóstolo Paulo, no entanto, a referida cidade foi ultrapassada por Laodiceia situada a uns 16 km rio abaixo. Ver Cl 2.1; 4.13,15,16. Segundo a História, Colossos foi devastada por um terremoto em 61 d.C, e nunca mais foi reconstruída.

A IGREJA EM COLOSSOS

    1. Sua fundação. Não se sabe ao certo quando a igreja de Colossos foi fundada. O livro de Atos, que relata as viagens missionárias de Paulo e seus auxiliares, não registra nenhuma visita sua àquela comunidade. Epafras, natural de Colossos, discípulo e colaborador de Paulo, é apontado como o fundador da igreja. Ver 1.7-9; 4.12,13.

    2. Como o evangelho chegou a Colossos. Tudo indica que o apóstolo Paulo providenciou a evangelização dos colossenses a partir de Éfeso, durante seu prolongado ministério nessa cidade, tempo esse em que ele se dedicou a evangelizar a província da Ásia por aproximadamente três anos (At 19.10; 20.31). O primeiro portador da mensagem da salvação, o pregador das boas novas, foi sem dúvida, Epafras, natural da cidade (1.7-9; 4.12,13). Mas o portador da carta deve ter sido Tíquico, também companheiro de ministério do apóstolo (4.7,8), tendo em vista a detenção do próprio Epafras com o apóstolo em Roma (Fm v.23).

AS HERESIAS COLOSSENSES

    1. Gnosticismo. Trata-se de uma filosofia herética, de cunho religioso, que se propõe a explicar todas as coisas por meio da gnosis (conhecimento). “São dogmas do gnosticismo: as (falsas teorias) da emanação, a queda, a redenção e a mediação exercidas por inúmeras potências celestes, entre a divindade e os homens. Relaciona-se o gnosticismo com a cabala, o neoplatonismo e as religiões orientais” (Dicionário Aurélio). Diferentes e sutis modalidades do gnosticismo continuam a surgir com roupagem religiosa através dos tempos, enganando a muitos, inclusive gente culta e importante. Hoje, as versões modernas dessa heresia são difundidas através da Teosofia, da Logosofia e de movimentos assemelhados como é o caso da Nova Era, ou Era de Aquário. Essa heresia muito perturbou a igreja de Cristo durante os dois primeiros séculos da era cristã. O gnosticismo é combatido e refutado em pelo menos oito livros do Novo Testamento: Colossenses, 1 Timóteo, 2 Timóteo e Tito (epístolas pastorais); 1, 2 e 3 João e Judas. O gnosticismo colossense é, a seguir, exposto em resumo como prevenção para a igreja atual, uma vez que ele continua a existir no mundo sob diversas formas de corrupção da sã doutrina bíblica, mas também apresentando ensinos totalmente falsos concernentes a Deus, ao mundo visível e ao invisível, ao homem e sua constituição, seu destino, seu futuro, etc.

    2. Cultos aos anjos (2.15,18). Segundo o Comentário Bíblico Pentecostal (editado pela CPAD), o grupo herege de Colossos enfatizava a adoração de anjos, chamados “principados”, “potestades”, etc. Os gnósticos deram grande ênfase a pretensos seres angelicais, a que chamavam de aeons , os quais, segundo eles, seriam emanações de Deus; eles adoravam os anjos, e os consideravam mediadores e salvadores. Para eles, Cristo não passava apenas de mais um aeon. O apóstolo Paulo combateu esses ensinos em sua carta, como se vê nos versículos 1.13,15-17; 2.9,10,15,18,19 que serão estudados mais adiante. Em nossos dias, inclusive no presente momento, vê-se que o culto aos anjos está em moda. E, em algumas igrejas que se declaram evangélicas, está havendo uma herética supervalorização da pessoa e do papel dos anjos.

    3. Negavam a supremacia de Cristo. Para eles, Cristo não era o verbo divino encarnado. Para os gnósticos, a carne é inerentemente má. Logo, não faria sentido um aeon, ou espírito, contaminar-se com a matéria tornando-se carne. Negavam assim a encarnação de Cristo como o mediador entre Deus e os homens. Preparavam assim o terreno para o surgimento do Anticristo (1Jo 4.3; 2Jo v.7). Negavam o papel salvífico de Cristo como o único redentor da humanidade perdida no pecado e na incredulidade. Para eles, havia muitos salvadores. Isso era ensino satânico oposto ao que afirma a Bíblia em Jo 3.16; 14.6; 1Tm 2.5. Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, defendeu a fé cristã através de textos da epístola como 1.13-23; 2.6,9,10 (que serão comentados nas lições seguintes).

    4. Ascetismo (2.16,23). Doutrina antibíblica que valoriza a vida moral e espiritual (ascese) em detrimento das coisas materiais. Para os gnósticos, toda a matéria deve ser de alguma maneira destruída inclusive o corpo humano. Assim, havia dois caminhos que levariam a essa destruição da matéria. Uma, seria através da ascese, que ensinava a abstinência de determinados alimentos e o celibato. Outra, seria através de um procedimento oposto: a licenciosidade. Apregoavam aqueles hereges: quanto mais o homem abusar do corpo, através de orgias sexuais, de bebedeira, e de vícios escravizadores e destruidores, melhor para a destruição da carne, e isso não traria qualquer prejuízo espiritual!

    Ao que tudo indica, os gnósticos de Colossos escolheram a via da ascese, ou da abstinência dos alimentos e do casamento para se “santificarem”. Hoje, há muitas pessoas que por ignorância ou ensinos pervertidos adotam esse tipo de comportamento, mesmo em igrejas evangélicas. Mas a Bíblia vê o corpo humano de modo bem diferente. “Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo?…” (1Co 6.19,20). O corpo do crente, solteiro ou casado, deve ser consagrado ao Senhor para que Ele o use como sua habitação aqui para darmos um bom e santo testemunho dEle. Paulo usou os textos de Cl 2.14,16,17,20-23 para combater esse tipo de atitude e de procedimento.

    5. Esoterismo (2.8). Isso tem a ver com coisas ocultas. Em Colossos, havia uma mistura de conceitos teológicos, demonológicos e astrológicos. Ali, num ambiente esotérico, havia o culto à deusa Cibele “a grande mãe da fertilidade”. O termo stoicheia , que eles usavam, incorpora o sentido desse misticismo dos gnósticos: “elementos animados da natureza”. Para eles a matéria não é inanimada. Ela tem vida. Os astros seriam entidades vivas, com espíritos extraterrenos. É o que se vê, hoje, no Movimento da Nova Era, que considera a Terra como uma deusa, um ser vivo — a deusa Gaia (de geo — terra) a quem prestam culto. A Astrologia ocultista, por sua vez, como ramificação do espiritismo, propaga os horóscopos ensinando que os astros governam os destinos das pessoas desde o seu nascimento. Paulo mostrou, na epístola em estudo, que é Cristo quem governa o homem e todas as coisas, inclusive os astros; e, que os cristãos não são guiados por astros, nem por “princípios básicos do mundo” (1.16-18,27,28; 2.8-10).

CONCLUSÃO

    Os falsos ensinos do gnosticismo surgidos em Colossos e que ainda hoje são propalados no mundo, vinham do espírito do Anticristo já lançando as bases do engano que se avultará no final dos tempos para enganar o mundo e, até, os escolhidos se lhe for possível. Hoje, a ameaça das heresias continua. E o meio para vencê-las é o mesmo: a ortodoxia da Palavra de Deus.

 

Fonte: Lições Bíblicas CPAD 3º Trimestre de 2004

 

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