terça-feira, 20 de maio de 2025

A sabedoria do voo

    “O pássaro não pousa no galho porque confia na árvore, ele confia na força de suas asas.” 
 
    O pássaro não pousa no galho porque confia na árvore, ele confia na força de suas asas. Eis uma metáfora, tão simples e bela, que guarda em si um princípio profundo da existência: a verdadeira segurança não está nas circunstâncias externas, mas na confiança que cultivamos em nós mesmos. 
 
    Vivemos, muitas vezes, depositando nossa esperança em estruturas frágeis — empregos, relacionamentos, instituições, certezas que acreditamos inabaláveis. Mas como galhos ao vento, tudo isso pode se romper, balançar ou desaparecer. O mundo é instável por natureza, mutável como as estações, e tentar fincar raízes onde só há fluxo é um convite à frustração. 
 
    O pássaro, porém, não teme o galho que pode quebrar. Ele sabe que, se isso acontecer, tem algo maior do que o apoio: tem o voo. Ele conhece o ritmo das próprias asas, a leveza do corpo e o impulso do ar. Não é arrogância, é autoconhecimento. Ele vive em constante prontidão, mas sem angústia, pois a confiança em si não é rigidez — é liberdade. 
 
    Assim também o ser humano, quando se reconhece. Quando entende que a verdadeira força não está em controlar o mundo, mas em conhecer sua capacidade de resposta, sua resiliência, sua criatividade. Confiar em si não é isolar-se, mas viver com a consciência de que, mesmo se tudo falhar, há em você algo que pode te erguer novamente. 
 
    Essa metáfora nos convida à maturidade existencial. A não buscarmos garantias onde elas não existem, mas a cultivarmos asas — asas de pensamento, de coragem, de fé, de experiência. Pois quem confia nas próprias asas, mesmo que tudo ao redor desabe, ainda assim pode voar. 
 
    Talvez a maior sabedoria esteja em aceitar que a vida nunca será inteiramente segura — mas o voo, esse sempre será possível para quem ousa conhecer a si mesmo. 
 
Reflexão: Odair José, Poeta Cacerense

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