Vivemos numa era de estímulos constantes. O que brilha, o que grita, o que viraliza — tudo isso atrai nossos olhos e ouvidos. Mas o que realmente sustenta a vida costuma ser silencioso: o afeto sincero, a integridade, o tempo dedicado a pensar, a escuta atenta, a amizade genuína. Esses elementos são como raízes: invisíveis à superfície, mas absolutamente essenciais.
Muitos filósofos alertaram para o risco de confundir o que é visível com o que é valioso. Platão, em sua "Alegoria da Caverna", já mostrava que aquilo que vemos pode ser apenas sombra de uma verdade mais profunda. Hoje, com as redes sociais e a cultura do espetáculo, essa armadilha se intensificou: atenção virou moeda, mas nem sempre atenção significa verdade ou valor.
O importante pode ser discreto. Um gesto de compaixão anônimo. Um livro lido em silêncio. A decisão de fazer o certo quando ninguém está olhando. Isso é o que molda o mundo de verdade. O olhar filosófico convida justamente a perceber essas camadas ocultas — a questionar o que é dado, a duvidar do brilho, a buscar o núcleo das coisas.
Essa reflexão é um convite à introspecção. A cultivar uma atenção mais seletiva, mais profunda. A perguntar: o que tenho ignorado por não chamar atenção? E, ao mesmo tempo: por que dou tanto valor ao que grita, mas não alimenta minha alma?
Nem tudo que é importante brilha. Nem tudo que brilha é importante. Essa máxima é, em si, um chamado à sabedoria: para ver com os olhos do coração e ouvir com a escuta da consciência. Porque, no fim, o que realmente importa, raramente faz alarde. Mas é o que sustenta nossa humanidade.
Reflexão: Odair José, Poeta Cacerense
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