terça-feira, 27 de maio de 2025

A semente precisa de tempo

    "Às vezes, a semente precisa de tempo no escuro antes de florescer" 
 
    Esse pensamento carrega uma profunda sabedoria sobre o processo de amadurecimento humano, que ecoa tanto na natureza quanto na existência. A semente, enterrada sob a terra, vive um período de aparente estagnação. No entanto, é ali, no escuro, longe dos olhos do mundo, que ocorre o milagre silencioso da transformação. O escuro, nesse contexto, não é um castigo — é um útero. É o lugar onde as forças invisíveis trabalham em silêncio, preparando o que está por vir. 
 
    Na vida, o "tempo no escuro" pode ser entendido como momentos de dor, incerteza, solitude ou crise. Fases em que nos sentimos perdidos, fora do nosso eixo, sem direção. Contudo, assim como a semente, é nesse solo invisível que raízes profundas se formam. A luz é necessária para florescer, mas é a escuridão que nos ensina a resistir. 
 
    A filosofia existencialista poderia interpretar isso como um convite à autenticidade: não há crescimento verdadeiro sem atravessar o deserto da dúvida e da angústia. Kierkegaard dizia que é no desespero que o homem se descobre — pois só quem encara o abismo pode encontrar o próprio fundamento. Nietzsche também nos lembra que “é preciso ter o caos dentro de si para dar à luz uma estrela dançante”. 
 
    Florescer, portanto, não é apenas desabrochar à vista dos outros, mas tornar-se aquilo que se é — mesmo quando tudo ao redor parece dizer que não há mais saída. Assim, essa frase nos ensina a confiar no processo invisível da vida. A respeitar o tempo do subterrâneo. Porque às vezes, antes de brilhar, precisamos primeiro aprender a suportar o escuro. E isso não é fraqueza — é maturação. 
 
    Em suma: não apresse a semente. O escuro não é o fim, mas o início. 
 
Reflexão: Odair José, Poeta Cacerense

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