segunda-feira, 20 de março de 2023

A linguagem da Igreja - 3 orientações práticas

    "Assim também vós, se com a língua não pronunciardes palavras bem inteligíveis, como se entenderá o que se diz? porque estareis como que falando ao ar." 1 Coríntios 14:9 

    Por que em determinados cultos não entendemos nada do que foi pregado? Por que, em algumas igrejas, o som precisa ser ensurdecedor a ponto de quase explodir a nossa cabeça? Por que a linguagem em alguns cultos não é inteligível? Algumas perguntas que venho questionar neste ensaio e, aproveitando, pontuar algumas coisas que penso ser importante para uma reflexão. 

    Temos, nas nossas igrejas, dois extremos preocupantes. De um lado, muitos templos estão cheios e cresce assustadoramente com pessoas atraídas pelas "novidades" e pelo novo estilo de linguagem que se usa. Por outro lado, algumas igrejas fechadas em si mesmas, tanto na sua teologia, quanto na prática, e não se abre para o novo. De um lado o liberalismo exagerado, de outro, o conservadorismo radical. De um lado a superficialidade, de outro, a linguagem ultrapassada. O que fazer? Seguirmos o exemplo da Igreja primitiva que viveu com os olhos em sua realidade sem deixar de olhar para o futuro. Neste sentido, podemos pontuar três características fundamentais para a linguagem atual da Igreja. 

    1. Linguagem contextualizada, porém bíblica. 
    Precisamos entender que, embora "Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre", e que a mensagem bíblica também é a mesma, os tempos mudaram, e o contexto no qual a Igreja viva, não é o mesmo da Igreja do Novo Testamento. Os grandes temas bíblicos precisam ser anunciados ao homem e a mulher do século XXI, de forma que esses temas estejam relacionados aos problemas que essas pessoas enfrentam. A contextualização da mensagem não pode acontecer com prejuízos para a verdade bíblica. Traduzir a Bíblia para os dias de hoje, não significa deixar de sustentar a verdade inquestionável de deus. 

    2. Linguagem inteligível, porém com inteligência. 
    É preciso falar de modo que as pessoas entendam aquilo que está sendo dito, isto é, a mensagem prática precisa ser clara aos ouvintes. Muitas vezes, em nome de um conteúdo, usa-se uma linguagem teológica pesada que ninguém consegue entender; outras vezes, usa-se a linguagem dos anjos, com soas ininteligíveis, e quem não é anjo e está na terra, não consegue entender nada. A mensagem inteligível é aquela que não despreza o intelecto, o raciocínio, o estudo, a pesquisa, a mente. Ou seja, o culto racional exposto pelo Apóstolo Paulo aos Romanos. Os cultos precisam ser alegres, a liturgia flexível, o ambiente o mais gostoso possível, porém não irracional. 

    3. Linguagem verbal, porém prática. 
    Outro aspecto da linguagem da Igreja é que ela precisa viver o que se ensina. A Igreja precisa da linguagem verbal, das palavras, porém não pode esquecer da prática. A linguagem das ações precisa falar mais alto, pois ela é o resultado daquilo que se prega e que se crê. Não pode haver divórcio entre as palavras e as ações. Aquilo que a Igreja prega ela faz, e aquilo que ela faz, ela prega. O amor que a Igreja prega, precisa ser de fato e de verdade, não apenas de palavras ou de língua. 

    Por último, podemos deixar alguns questionamentos que precisamos fazer a nós mesmos enquanto cristãos responsáveis por transmitir a mensagem do Evangelho. Quais são algumas das maiores dificuldades que a Igreja enfrenta para contextualizar essa mensagem? Se não temos sabedoria, precisamos, urgentemente, buscar do Senhor. Afinal, a sabedoria é uma dádiva do Criador para os seus filhos. Que nossa linguagem seja contextualizada, inteligível e prática. 

Reflexão: Odair José, Poeta Cacerense

Um comentário:

  1. Pregar e ensinar, assim como falar em um ambiente eclesiástico de maneira que todos entendam é realmente um desafio, porém o Espírito Santo ajuda nas nossas dificuldades. Excelente reflexão!

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