quinta-feira, 9 de setembro de 2021

7 Curiosidades sobre o aborto no mundo Greco-Romano

    O aborto é a interrupção deliberada da gravidez, resultando na morte pretendida do feto. 
 
    1. Pseudo-Galeno alegava que Licurgo, o grande legislador espartano (s. VIII a.C), e Sólon, o grande reformador ateniense (594 a.C), proibiam o aborto. Enquanto os espartanos, que precisavam de homens fortes para seus exércitos, proibiam o aborto, eles praticavam a exposição de homens fracos e mulheres excessivas. 
 
    2. O famoso juramento de Hipócrates fez com que os médicos jurassem: "Eu não darei remédio mortal (pharmakon) a ninguém, se for solicitado, nem farei uma sugestão nesse sentido. Da mesma forma, não darei a uma mulher uma droga abortiva (pesson phthorion)". Estudiosos acreditam que o juramento reflete a crença pitagórica de que a alma está presente na concepção. 
 
    3. Os estoicos em geral sustentavam que o feto era apenas parte do corpo da mãe e que sua vida começava com a primeira respiração. Por outro lado, Musônio Rufo, importante moralista estoico romano, opunha-se ao aborto. Ele sustentava que o único propósito do sexo é a procriação, uma visão adotada mais tarde pelos cristãos. Como os estudiosos destacam, a eventual oposição grega e romana ao aborto não se baseava em uma preocupação com o feto individual, mas com o bem-estar do estado. 
 
    4. O aborto generalizou-se no último século da República Romana e no início do Império Romano. Cícero (s. I a.C) pediu pena capital em casos de aborto deliberado (Em Defesa de Cluêncio 32). Embora Augusto tenha aprovado a legislação para promover o casamento e a procriação, a lei romana adotou a visão estoica de que o feto ainda não era uma pessoa. 
 
    5. Ovídio, que desagradava a Augusto com seus poemas eróticos, protestou veementemente contra o aborto de sua ama Corina e escreveu: "Aquela mulher que foi a primeira a rasgar um feto frágil de seu ventre merecia morrer de sua própria carnificina. [...] Se essa prática viciosa tivesse encontrado favor entre as mães dos bons velhos tempos, a raça humana teria se extinguido" (Am. 2.14.5-10). Sêneca elogiou sua mãe por nunca ter destruído um filho em seu ventre. Nero exilou sua esposa Otávia por ter feito um aborto. Domiciano foi culpado por ter tido um caso com sua sobrinha e depois ordenado que ela fizesse um aborto, o que causou a morte dela. 
 
    6. Sorano de Éfeso (98-137 d.C), a autoridade mais importante em ginecologia da antiguidade, afirmava que o aborto só era permissível para salvar a vida de uma mulher. Ele opunha-se ao uso de instrumentos cortantes, mas preferia remédios abortivos, como o phthorion, que destruía o feto, ou o exbolon, que expelia o feto. 
 
    7. Os imperadores Septímio Severo (193-211 d.C) e Caracala (211-217 d.C) prescreveram o banimento de uma mulher divorciada que tivesse um aborto contrariando a vontade de seu ex-marido, e a pena de morte para quem fornecesse um remédio abortivo que causasse a morte da mulher. 
 
 
Fonte: Dicionário da vida diária na antiguidade bíblica e pós-bíblica, CPAD, 2020, p. 46 e 47.

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