segunda-feira, 19 de julho de 2021

Jezabel

    Ela entrou no quarto e o viu deitado. Estava virado o rosto para a parede e ela notou que ele nem havia tocado na comida. Com certeza estava chateado com alguma coisa. Conhecia-o muito bem. Era birrento e ficava magoado quando algo não lhe saia da forma que desejava. 
 
    - O que aconteceu? O que está te chateando? Nem mesmo tocou na comida. 
 
    Ele virou-se para ela. Seu rosto era exuberante. Cheio de adornos e uma maquiagem que a destacava de todas as mulheres do reino. Com certeza admirava aquela mulher. Sua vida seria totalmente desprovida de sentido se não fora essa mulher. 
 
    - Nabote. 
 
    - O que tem o Nabote? 
 
    - Ele se recusa a vender-me a sua vinha. Gostaria muito de fazer uma horta naquele pedaço de terra onde ele possui a vinha. Ofereci-lhe dinheiro ou outra vinha em outro lugar, mas ele recusou a minha proposta. Disse-me que é herança. 
 
    - Então é isso? Por acaso você não é o Rei? Precisa pedir permissão para alguma coisa que você queira? 
 
    - O que posso fazer? 
 
    - Nada. Deixa que eu faço. Apenas levante-se dessa cama e coma o seu alimento, beba vinho e alegre o seu coração. 
 
    Nabote não acreditava no que aquelas pessoas estavam dizendo. Como poderiam dizer tais blasfêmias contra ele. Nunca havia cometido aqueles crimes dos quais era agora acusado. 
 
    - Nabote blasfemou contra Deus e contra o Rei. - Disseram as testemunhas com ênfase - Deve ser apedrejado como manda a lei. 
 
    A rainha entrou diante do rei. Em seu rosto um sorriso maléfico. 
 
    - Lembra do Nabote? 
 
    - O que tem ele? 
 
    - Alegre-se. Ele está morto e agora você pode ficar com a vinha que ele recusou dar-te por dinheiro. 
 
    O Rei Acabe descia em sua carruagem até a vinha de Nabote. Agora poderia fazer com ela o que desejava. Tinha uma mulher de coragem que não media esforços em fazer-lhe coisas boas. Além da beleza era uma mulher que atendia os desejos do seu coração. Estava absorto em seus pensamentos quando a carruagem parou abruptamente. 
 
    - O que está acontecendo? 
 
    - O Profeta! 
 
    Outra vez esse perturbador. Pensou consigo mesmo. Até quando terei que aturar esse camarada? 
 
    - Já me encontraste, meu inimigo? 
 
    - Sim. Tenho apenas uma mensagem de Deus para você. Por que matou e tomou a herança desse simples súdito de teu reino? Assim diz o Senhor: no lugar onde os cães lamberam o sangue dele vão lamber o seu próprio sangue. Deus trará um mal sobre você e sua casa. Os cães vão comer a carne da sua mulher. E tem mais, os seus descendentes, os que morrerem na cidade será comido pelos cães e os que morrerem no campo será comido pelas aves. Tudo isso porque você se vendeu para fazer o que era mau aos olhos do Senhor. 
 
    Os cães lamberam o sangue do rei quando ele morreu na batalha e sua mulher foi comida pelos cães quando foi jogada do alto da torre e seu corpo despedaçado no chão. 
 
    Moral da História: Não se pode esconder as maldades feitas dos olhos do Senhor. Toda injustiça feita pelos homens terá a justa retribuição de Deus. O Senhor não desampara os seus filhos. 
 
Texto: Odair José, Poeta Cacerense 
 
Leia a história na Bíblia. I Reis 21-22; II Reis 9

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