terça-feira, 23 de setembro de 2025

Um livro nas mãos de uma criança

    Um livro nas mãos de uma criança é mais do que papel e tinta: é semente de linguagem, de imaginação e de mundo interior. Cada página aberta é uma janela para o desconhecido, um treino silencioso para a maturidade que virá. Ali, a criança aprende a lidar com o tempo da espera, com a paciência da leitura, com a disciplina da interpretação e, sobretudo, com a liberdade de sonhar. 
 
    Já a tela, com seus brilhos incessantes e horizontes sem fronteiras, oferece tudo de uma vez — mas, por isso mesmo, pode oferecer nada. É uma estrada sem placas, onde a abundância de estímulos pode se tornar desvio silencioso, distraindo da profundidade, enfraquecendo o hábito da contemplação e da construção lenta de sentido. 
 
    Entre páginas que amadurecem e telas que dispersam, mora o desafio: ensinar que o essencial não está no suporte, mas na forma como aprendemos a olhar. O livro convida à raiz; a tela, ao fluxo. A maturidade talvez seja saber equilibrar ambos, sem deixar que a promessa do futuro se perca no ruído infinito do presente. 
 
Reflexão: Odair José, Poeta Cacerense

Nenhum comentário:

Postar um comentário