quinta-feira, 9 de novembro de 2023

Sobre a prosperidade

    A ideia de que a salvação traz consigo riquezas materiais não tem fundamento bíblico embora seja um pensamento antigo, haja vista a arguição de Bildade. Deus trata com cada um segundo o seu querer e, seu querer é que todos sejam prósperos. Se não for assim, como justificar a prosperidade de pessoas que não servem a Deus? 
 
    Se constitui maldade ver como em nossos dias associa-se muito facilmente pobreza a pecado na vida. Se observarmos bem, veremos de que lado está o pecado. E, com certeza, não é na vida dos filhos de Deus, mas dos ricos deste mundo que se apressam em aumentar suas riquezas à custa do sacrifício e sofrimento dos menos favorecidos, impondo-lhes um jugo difícil de suportar. 
 
    Nas últimas décadas do Século 20 e com mais ênfase no Século 21, as igrejas evangélicas foram tomadas por uma teologia que acabou por substituir a verdadeira adoração a Deus por um espírito meramente comercial. Referimo-nos à pervertida e ímpia Teologia da Prosperidade. Esse arremedo de doutrina levou os fiéis a inverterem os mais caros valores de sua fé: o mais importante, agora, para milhões de filhos de Deus não é o ser; e, sim: o ter. Dessa forma, as pessoas, em nossas igrejas, começaram a ser julgadas não pelo que eram, mas pelo que tinham. 
 
    O que é a Teologia da Prosperidade? É a doutrina, segundo a qual o crente, por ser filho de Deus, jamais passará por agruras financeiras, pois foi ele destinado a viver de maneira regaladamente pródiga, sem ter de se defrontar com as carências materiais comuns a todos os seres humanos. 
 
    Temos de agir com equilíbrio e discernimento, pois os extremismos teológicos, quer à esquerda, quer à direita da Bíblia, são nocivos. Logo: que ninguém seja julgado pelo que tem, mas pelo que é (Mt 5.16; 1Tm 5.25; Tg 1.26,27). Quer Deus nos conceda riquezas, quer nos deixe experimentar necessidades, tenhamos sempre em mente que Ele é soberano e, como tal, sabe tratar com seus filhos (Jr 18.1-6). Habacuque e Paulo sabiam viver na abundância, e não se perturbavam na privação (Hc 3.17-19; Fp 4.10-13). 
 
    A Teologia da Prosperidade é diabolicamente perversa e mentirosa, porque induz os filhos de Deus a buscar a riqueza, por concluírem ser esta tão importante quanto a salvação. Alerta Paulo, contudo, que, os que porfiam por serem ricos, cairão em muitas ciladas (1Tm 6.9). O mesmo apóstolo ainda alerta ser o amor ao dinheiro a raiz de todos os males (1Tm 6.10). 
 
    Então, a que conclusão chegamos? É prejudicial ao crente possuir riquezas? Todavia, se a não usarmos para minorar o sofrimento de nossos irmãos, impiamente agimos. Por isso deve o irmão rico gloriar-se em seu abatimento (Tg 1.9). Por conseguinte, quer pobres, quer ricos, gloriemo-nos sempre em Deus, pois Ele fez tanto um quanto outro. Além disso, não disse o Senhor que sempre haverá pobres na terra? (Dt 15.11). Eis porque deve o rico ajudar o pobre, a fim de que todos tenham o necessário para viver. 
 
Reflexão: Odair José, Poeta Cacerense
Extraído: Lições Bíblicas CPAD 1º Trimestre  2003

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