Se acreditamos que Deus nos guia sempre, não podemos buscar Sua presença apenas nos momentos de urgência, dor ou desespero. A verdadeira escuta nasce antes, no intervalo entre um pensamento e outro, naquele espaço íntimo onde o mundo se aquieta e a alma se abre. É no silêncio que a voz divina encontra passagem — não porque Deus fale baixo, mas porque nós falamos alto demais.
Meditar silenciosamente é, portanto, um gesto de retorno. É o reconhecimento de que há um eixo sagrado que sustenta nossas incertezas, um sopro que nos conduz mesmo quando não percebemos. Quando nos recolhemos, permitimos que a superfície turbulenta dos medos se acalme, e então a direção divina, sempre presente, torna-se perceptível como uma luz que brota por dentro.
Jamais abandoná-Lo não significa viver sem falhas, mas permanecer em constante intenção de presença. A fidelidade a Deus se revela nos pequenos movimentos: na escuta atenta, na decisão ponderada, no ato de agradecer mesmo sem compreender. Quem confia em Deus não corre atrás de respostas imediatas; aprende a acolher, a discernir, a caminhar com o coração atento.
No silêncio, descobrimos que Deus nunca se ausentou. Nós é que precisamos, às vezes, diminuir o ruído interno para perceber que Ele continua a nos guiar — com paciência, com suavidade, com amor. Meditar é abrir espaço para esse encontro. E seguir com Ele é a mais profunda forma de liberdade.
Reflexão: Odair José, Poeta Cacerense

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