segunda-feira, 1 de junho de 2020

Nunca pare de lutar



Encostado no canto do quarto na penumbra de mais um dia que termina seus olhos não contém às lágrimas que teimam em rolar pela sua face já pálida de tanto sofrimento. Não sabe o que fazer. Leva as mãos ao rosto e sussurra o seu desespero na esperança de que Deus, e apenas Deus possa ouvir a sua voz. Tudo que podia fazer tinha feito e o que recebera fora apenas a ingratidão. Não poderia mais viver com esse peso e na sua alma a única solução para o fim deste terrível sofrimento seria a morte. Só queria forças para executar um último ato neste mundo: tirar a própria vida! 

De relance viu o pequeno inseto que tinha sido preso na teia da aranha. Lutava para escapar enquanto a aranha caminhava lentamente, como que saboreando a vítima, para fazer a sua refeição. Observou como aquele inseto lutava pela sua vida. Mesmo preso pela teia não desistia. Poderia ajudá-lo. Pensou consigo mesmo. Mas, esse era o ciclo da vida e, dessa forma não deveria intervir. O inseto lutou bravamente. Mas, apesar de seus esforços não conseguiu se livrar e, aos poucos fora devorado pela aranha. 

Como poderia isto ser assim? Levantou daquele canto e foi até o banheiro. Olhou para si mesmo no espelho. Como poderia ser derrotado dessa forma? Olha para aquele inseto que lutou até o fim. Será que sou mais miserável do que aquele pequeno inseto? Em seus pensamentos passava toda essa reflexão. Lavou o rosto e sentiu a água fria tocar sua pele. Era como se acordasse de um pesadelo. Não podia ser mais uma vítima do sistema. Tinha que lutar. Desgarrar-se-ia da teia de aranha e correria livre pelas campinas. 

Pegou uma caneta e escreveu em letras garrafais antes de pregar na cabeceira da cama as palavras: “Nunca pare de lutar!”. Como se aquelas palavras fossem uma vitamina que lhe desse mais coragem e determinação, adormeceu. Quando acordou na manhã seguinte estava revigorado. Pronto para mais um dia de labuta e, dessa vez, pensou consigo mesmo, hei de ser um vencedor. 

Texto: Odair José, Poeta e Escritor Cacerense

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