segunda-feira, 20 de abril de 2020

História do Cristianismo (Século III) - Parte 1


Os tempos ficaram piores com a crise que o Império enfrentou no século 3 e com a chegada do imperador Décio (249-251 d.C.).

Naquele momento Roma enfrentou muitos problemas, graves crises econômicas e pressão dos bárbaros nas fronteiras do Império. “Era necessário achar uma forma de reagregação da população romana, inclusive nos ideais, para fazer frente comum contra os inimigos e as ameaças.” Era preciso um símbolo. E o imperador achou que a religião tradicional, o paganismo, seria o melhor instrumento para alcançar o objetivo. “Décio se apresentou como um restaurador dos costumes antigos e das virtudes tradicionais de Roma. E propagandeou esse retorno ao passado glorioso como a única forma para poder enfrentar e ganhar os mortais desafios do presente”, diz Emanuela Prinzivalli, professora de História do Cristianismo na Universidade de Roma La Sapienza. (1).

O Édito de Décio, de 250, ordenou que todos os cidadãos do Império fizessem um sacrifício público para os deuses, chamado supplicatio, e que fizessem oferendas, assim receberiam o libellum, certificado que atestava o sacrifício. Os cristãos, claro, se recusaram, e então eram facilmente identificados e perseguidos. Foram massacrados das formas mais cruéis. “Essa foi a primeira verdadeira perseguição geral, porque atingiu todos os membros da comunidade cristã, dos chefes aos mais humildes, em todos os cantos do Império, não somente em Roma”, afirma a professora Lupi.

A perseguição de Décio foi seguida pela do imperador Valeriano (253-260 d.C.), que foi particularmente dura contra os chefes das comunidades, sequestrando os bens dos cristãos para tentar amenizar a situação catastrófica das finanças públicas romanas. O objetivo de Valeriano era desestruturar de vez o cristianismo, com a destruição das igrejas, a entrega e a destruição dos livros sagrados e a morte de muitos bispos e sacerdotes. Os políticos romanos pensavam que eliminando os chefes das comunidades cristãs os fiéis acabariam se dispersando, mas naquele momento a comunidade cristã já era suficientemente estruturada para aguentar uma violência dessa magnitude.

O imperador Galiano (253-268 d.C.), filho de Décio, imediatamente após a morte do pai emitiu um édito de tolerância que garantiria 40 anos de tranquilidade aos cristãos. Diocleciano (284-305 d.C.), ao contrário, provocou a Grande Perseguição, entre 303 e 311, que acabou sendo a última, maior e mais sangrenta perseguição oficial do cristianismo a ser implementada pelo Império.

A RELAÇÃO DO IMPERADOR TRAJANO COM OS CRISTÃOS

Trajano odiava o cristianismo. Plínio, um de seus governadores enviou uma carta falando sobre como via os cristãos: "Todo o crime ou erro dos cristãos se resume nisto: têm por costume reunirem-se num certo dia, antes do romper da aurora, e cantarem juntos um hino a Cristo, como se fosse um deus, e se ligarem por um juramento de não cometerem qualquer iniquidade, de não serem culpados de roubo ou adultério, de nunca desmentirem a sua palavra, nem negarem qualquer penhor que lhes fosse confiado, quando fossem chamados a restitui-lo. Depois disto feito, costumam separar-se e em seguida reunirem-se de novo, para uma refeição simples da qual partilham em comum, sem a menor desordem, mas deixaram esta ultima pratica após a publicação do edital em que eu proibia as reuniões, segundo as ordens que recebi. Depois destas informações julguei muito necessário examinar, mesmo por meio da tortura, duas mulheres que diziam ser diaconisas, mas nada descobri a não ser uma superstição má e excessiva".

(Em seguida: Heresias e confusões)

(1) Aventuras na História.

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