quarta-feira, 5 de junho de 2024

Fragmentos de Sabedoria para a alma XLVII

    1. O ritmo frenético imposto pela vida moderna priva-nos de ver outras dimensões da realidade. Somos condicionados a enxergar apenas àquilo que está imediatamente relacionado aos nossos afazeres. Se por um lado este ritmo de vida certamente já é desgastante e prejudicial à saúde, por outro, tal corre-corre torna-nos muitas vezes insensíveis diante das necessidades das pessoas. Automatizados por tantas obrigações, acabamos sobrecarregados e sem tempo para coisas simples. Que possamos ser verdadeiros integradores de pessoas invisíveis, promovendo sua inclusão nos locais onde o Senhor permitir que estejamos. Que possamos valorizar o tempo que o Senhor nos concede para viver e realizar os designíos de Deus em nossas vidas. 
 
    2. Quantas vezes já nos decepcionamos? E o quanto ainda iremos nos decepcionar? Ao pensar a respeito disso, é bom lembrar que muito de nossas decepções é resultado das próprias expectativas que alimentamos em relação às coisas e ao outro. Essas expectativas, que posteriormente se revelam equivocadas, podem ser formadas pelas pessoas ou por nós mesmos. Contudo, raramente pensamos o quanto já decepcionamos também. Será que já não criamos expectativas irreais — para impressionar alguém — e depois nos tornamos reféns da própria personagem que criamos? É gratificante saber que temos amigos e que podemos contar com eles. Contudo, dificilmente pensamos e refletimos acerca de que tipo de amizade oferecemos às pessoas ou que tipo de amigo temos sido. Sim, em vez de cobrar, que tal fazer um autoexame e pensar no quanto temos sido amigos das pessoas? 
 
    3. Acostumados com a importante e necessária prática do planejamento, vez por outra somos surpreendidos por algum acontecimento que nos desperta para o inegável fato de que, na realidade, não temos controle algum, não apenas sobre o futuro, mas também sobre o que quer que seja. Sem conhecer os contornos da estrada da existência que vai se delineando conforme os dias vão passando, muitas vezes nos pegamos absortos com os acontecimentos. Para o bem ou para o mal, quantas vezes já não exclamamos: “Nunca pensei que isto fosse acontecer comigo”. Se os que não conhecem a Deus atribuem os acontecimentos ao “acaso”, aos que creem tal maneira de pensar não faz sentido, pois acreditam na providência divina. Não obstante, uma vez que são insondáveis as formas de Deus agir, até mesmo o crente, vez por outra, incorre no erro de falar daquilo que escapa ao seu conhecimento. 
 
    4. Invariavelmente tendemos à polarização. Tal postura parece ser inerente à nossa humanidade e, de tal forma, que dela não conseguimos escapar. Se formos bons técnicos e eficientes comunicadores, significa que não podemos igualmente ser fervorosos no Espírito. A reprodução acrítica desse pensamento reforça estereótipos e retroalimenta práticas que devem ser corrigidas. Em qualquer labor o profissional sabe que a ferramenta que estiver devidamente azeitada com certeza será mais bem aproveitada e melhor desempenho proporcionará. Rompamos com a errônea, e até mesmo diabólica concepção de que quem se prepara tecnicamente não pode ser um instrumento poderoso nas mãos do Espírito Santo, pois se trata justamente do contrário. 
 
    5. Quantas vezes já não nos sentimos tristes por sermos ignorados. É horrível a sensação de ser “invisível” — entrar e sair de um ambiente sem sequer ser cumprimentado. No entanto, será que não reproduzimos essa postura, mesmo sem perceber, e nos fechamos em nossos círculos de amizade, ignorando completamente as pessoas que não fazem parte do nosso grupo? Não é incomum acabarmos reproduzindo algo de que fomos vítimas em algum momento da vida. Quando isto se dá de forma inconsciente, tudo bem. No entanto, é urgente investigar se o comportamento reproduzido não ocorre como uma forma de “vingar-se” do que aconteceu no passado. O desejo de vingança é contrário ao que apregoa o Evangelho, portanto, é preciso libertar-se de tal sentimento. 
 
    6. O costume de se fazer algo por muito tempo tem a rara capacidade de nos dar habilidade para realizá-la melhor ou, paradoxalmente, comodismo para fazer sempre da mesma maneira o que certamente poderíamos executar de forma mais excelente. Deus quer fazer coisas grandiosas através de seu trabalho, mas para isso você deve colocar-se à disposição a fim de realizar o melhor na obra dEle. O quanto estamos dispostos a reconsiderar uma decisão e rever uma posição? Pode parecer algo sem importância, mas se refletirmos com calma, veremos que não é tão simples. Geralmente ficamos tranquilos quando tudo está do “nosso jeito” e as coisas estão ao nosso favor. Mas, e quando somos contrariados ou as coisas não saem necessariamente como gostamos? 
 
    7. Somente quem já experimentou alguma forma de preconceito sabe quão sofrido é viver sob a égide de algo que o marca, aos olhos dos outros, negativamente. Ser olhado não como um ser humano, digno de respeito, mas ser visto sempre a partir de alguma coisa que o rotula. Se você nunca enfrentou tal situação, talvez tenha dificuldade de entender como é terrível viver dessa forma. Acostumados com a ideia de que se tudo está indo bem é porque Deus está conosco, mas se algo não der certo significa que saímos da vontade dEle, podemos errar muito. Nem sempre a realidade funciona assim. Devemos ser suficientemente confiantes para crer que o Senhor da história tem o melhor para as nossas vidas, ainda que os contornos não sejam os que nós somos habituados ou conhecemos. 
 
Reflexão: Odair José, Poeta Cacerense

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