quarta-feira, 18 de junho de 2014

Conversão



Era mais um domingo típico na vida daquele homem. Depois de uma semana longa e exaustiva de trabalho pesado onde havia feito alguns kilometros de cerca. O trabalho era pesado. Cavar buracos, assentar grandes e pesadas toras de madeiras e depois passar o arame por elas e, por fim, esticar esse arame para que a cerca ficasse firme e protegesse o pasto onde os animais seriam soltos posteriormente. O valor pago pelo serviço era pouco e quase não dava para suprir as necessidades da casa. O pior de tudo isso era que esse dinheiro não chegava em casa.

Depois de uma semana longe da cidade o cheiro do álcool vindo do primeiro boteco na entrada da cidade já o dominava. Durante a longa semana trabalhando tinha pensado seriamente em largar a bebida que o aprisionava desde a sua juventude. Tinha que fazer um esforço e deseja muito ser livre daquele vício terrível que acabava com ele e prejudicava muito sua família.

 - Vai um gole? - A pergunta veio do boteco. Tinha escolhido passar do outro lado da rua e nem olhar para lá. Estava disposto a resistir a tentação e ter um final de semana diferente com a família. Queria muito conversar com sua esposa com sobriedade. Ver o filho que já estava trabalhando e conhecer a namorada dele que sempre o visitava nos finais de semana. Queria conversar com a filha que havia passado no vestibular e ingressado na faculdade recentemente. Não lembrava de os terem vistos crescer. O álcool ofuscava sua memória. O que mais se lembrava era de ver a família dizendo que não existia solução para ele.

 - Só um gole. - olhou para a bebida sendo despejada no copo e sua boca encheu de água. Isso definitivamente era uma maldição. Pouco tempo depois já estava trocando as pernas. Queria chegar em casa mas não conseguia. Sentou-se na calçada e aos poucos deitou-se. Sabia que a família pouco se importava mais com a sua situação. Não acreditava em uma mudança. Ele estava destinado a eterna escravidão pelo álcool.

Já escurecia quando sentiu seus sentidos voltando. A cabeça ainda rodopiava e ele estava todo sujo de terra. De alguma forma havia rolado da calçada e caido na terra vermelha daquela cidade. Um odor de cachaça exalava de seu corpo e insetos sobrevoavam sua face. Tinha vergonha de tudo. Da vida. Daquela situação maldita e da primeira vez que aceitou o convite para experimentar uma bebida. Levantou-se meio trôpego e começou a descer a avenida. Havia perdido mais um dia de sua vida e, com certeza, nem tinha dinheiro mais no bolso.

Caminhava lentamente pela avenida. Sua cabeça latejava. Nesse instante ele ouviu aquela música. “Oh quão cego andei e perdido vaguei/longe longe do meu Salvador/ mais do céu Ele desceu e seu sangue verteu/pra salvar um tão pobre pecador/foi na cruz, foi na cruz/onde um dia eu vi/meus pecados castigados em Jesus/foi ali pela fé que meus olhos abri/e agora me alegro em sua luz”. Sentiu sua alma chorar a sua miséria. Queria livrar-se daquela prisão que o humilhava e acabava com sua vida. Olhou para o lado. Estava diante de uma igrejinha humilde. Parou de caminhar e ficou ouvindo a música que adentrava seu coração. Por alguns minutos ficou parado ali. Via as pessoas chegando na igreja e sentiu vontade entrar ali. Ninguém vai me deixar entrar – pensou – estou muito sujo e fedendo pinga. Parecia que duas forças lutavam por ele.

Criou coragem e caminhou para a igreja. O porteiro veio em sua direção e pensou em impedir sua entrada. Sentiu algo dizendo em seu coração que não o impedisse. O acompanhou até dentro da igreja e o fez sentar no último banco. Ali ele ouviu todo o culto. Algumas pessoas olhavam para ele com desconfiança. Outros lamentavam a sua situação. Ele permaneceu em silêncio durante todo o culto.

 - Tem alguém em nosso meio que deseja aceitar a Jesus como Salvador de sua vida?

Um convite irrecusável. Dentro do seu coração sentiu uma chama de fogo percorrer sua alma e o conduzir até o altar. Dobrou os seus joelhos e derramou lágrimas diante dAquele que podia livrá-lo daquela prisão. Sentiu um abraço. Como alguém poderia abraçá-lo estando naquela situação? Se alguma vez na vida senti o amor isso aconteceu nesse momento. As pessoas queriam distância dele. Ali ele é abraçado. Recebeu o carinho dos irmãos e foi para casa com o coração aliviado. Tinha certeza que daquele dia em diante sua vida seria outra.

Faz alguns anos que esse fato aconteceu e até hoje esse homem serve a Deus. Seu nome foi mudado de pinga para crente e ele é um exemplo para sua família. Nunca mais colocou um gole de cachaça na boca ou parou em um boteco para beber. Sua vida foi transformada e ele dá testemunho do que só Jesus pode fazer na vida de uma pessoa. A sociedade gasta milhões e milhões de reais na busca de soluções para as mazelas que atingem as pessoas prisioneiras dos vícios e não conseguem libertar as pessoas presas pela bebida e drogas. Jesus Cristo é a única solução para esses problemas. Ele é capaz de libertar o ser humano de seus vícios. É necessário que O aceite como Senhor e Salvador para experimentar sua graça.

Texto: Odair

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