quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Tudo poderia estar perdido

    É apenas uma breve reflexão. Pensamentos de um dia comum como qualquer outro. Conversas aleatórias e pensamentos intercalados com o trabalho e o estudo de coisas cotidianas. Tudo leva-me a uma reflexão. Em algum lugar alguém fala de conflitos, guerras, mortos e feridos. Em várias partes do mundo isso acontece o tempo todo. 

    O ser humano parece que vive para se digladiar com o seu semelhante. Talvez a ambição, o egoísmo e a violência seja o que move a maioria das pessoas. Fala-se sobre as altas temperaturas, o clima que não está dando trégua e quase ninguém percebe que o próprio ser humano é o maior causador do aquecimento global. Afinal, foi o próprio ser humano em sua ganância que derrubou quase todas as árvores existente no planeta. E queria o quê? Que a natureza não reagisse? Eis um fato incontestável. Tudo que o homem plantar isso irá colher. A lei da semeadura não falha. 

    Em outro lugar alguém formula teorias negacionistas. Negam até a própria existência. Falam absurdos difíceis de serem ouvidos e penso comigo que "é melhor ouvir isso do que ser surdo". Mas, de tanto ouvir asneiras, chego a questionar se realmente os seres humanos do século XXI estão mesmo preparados para cuidar do que resta deste planeta. No entanto, quem sou eu para questionar o que o mundo é. Afinal, sempre houve uma geração que superasse a anterior. Nunca se sabe ao certo. O alto índice de mediocridade pode ser uma alerta de que não precisará de cérebro no futuro. Zumbis podem sobreviver apenas de podridão. 

    Ainda outra pessoa faz um discurso sobre a civilização. Aponta caminhos que parecem ser alternativas para o caos que se instala no planeta. Do outro lado da montanha pode haver um refúgio. Um vale cheio de árvores centenárias, um lago com águas cristalinas e pássaros e borboletas a milhares. Ou pode apenas ser mais uma miragem alucinógena fruto de entorpecentes distribuídos nas festas sem hora para terminar. E a nossa geração está chegando ao fim sem poder fazer alguma coisa para reverter tal destruição. Um jovem é pisoteado por um animal, uma mulher chora pelo filho desaparecido e clama por justiça em um mundo onde impera a injustiça. 

    No calabouço ouve-se gargalhadas de algum criminoso que não lamenta a morte de ninguém. Em um quarto escuro alguém geme em silêncio a espera do último suspiro como se isso bastasse para terminar a agonia humana. 

    No final de tarde pessoas passeiam pelas praças e caminham pelas calçadas como se o mundo fosse um lugar tranquilo para se viver. A maioria usam seus fones nos ouvidos porque preferem as canções do que os gritos de horrores dos que estão nas sarjetas. No semáforo um artista de rua joguem seus fações para cima enquanto alguém que espera o farol abrir está torcendo para que algum desses facões caia sobre a cabeça desse infeliz. Uma criança chora a ausência da mãe que prefere ver as últimas mensagens nas redes sociais. Um cachorro corre atrás da moto. Um senhor ralha com outra criança que brincava na lama. 

    A noite chega e com ela a angústia de muitos que sabem que o destino é rolar de um lado para o outro até que o sono chegue e, provavelmente, não chegará. É apenas uma reflexão cotidiana de um dia qualquer. 

    Tudo poderia estar perdido se não fosse a fé inabalável no Deus Criador dos Céus e da Terra. Tudo seria vazio se não fosse a grandeza desse Deus enchendo o coração. Eu deitarei e dormirei porque tenho em mim essa intimidade. Um Deus que me dá o sono no tempo certo. 

Reflexão: Odair José, Poeta Cacerense

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