terça-feira, 7 de maio de 2024

Pessoas caladas, mentes barulhentas

    Pessoas caladas muitas vezes carregam consigo um mundo interior incrivelmente barulhento. O silêncio que as envolve não reflete necessariamente a tranquilidade de suas mentes, mas pode ser um abrigo para um turbilhão de pensamentos, emoções e reflexões. 
 
    Imagine uma biblioteca silenciosa, onde cada livro guarda uma história, um conhecimento, uma emoção. Assim são as mentes daqueles que preferem o silêncio. Por fora, podem parecer serenas, mas por dentro há uma verdadeira sinfonia de ideias, dúvidas, sonhos e preocupações. 
 
    Essas mentes são como oceanos profundos, cheios de correntes e marés desconhecidas. Às vezes, o ruído é tão intenso que parece ensurdecer, mas é um ruído interno, um murmúrio de vozes internas que constantemente conversam, questionam, analisam e criam. 
 
    A razão para essa discrepância entre a quietude exterior e a agitação interior pode variar de pessoa para pessoa. Algumas são naturalmente introspectivas, preferindo observar e refletir antes de falar. Outras podem ser introvertidas, encontrando energia e inspiração na solidão. Há também aquelas que guardam segredos profundos, medos ocultos ou sonhos inconfessáveis, e o silêncio é uma maneira de proteger essas partes vulneráveis de si mesmas. 
 
    No entanto, é importante reconhecer que o silêncio nem sempre é uma escolha consciente. Para alguns, é uma armadura que usam para se proteger do mundo exterior, uma defesa contra feridas emocionais passadas. Essas pessoas podem estar gritando por dentro, mas o medo de serem julgadas, rejeitadas ou machucadas as mantém quietas. 
 
    Independentemente da causa, a verdade é que as pessoas caladas têm muito a oferecer. Elas observam mais, absorvem mais e muitas vezes compreendem profundamente as complexidades da vida. Suas mentes barulhentas são fontes de criatividade, insight e compaixão. 
 
    Portanto, ao nos depararmos com alguém que parece tranquilo por fora, devemos lembrar que por trás desse exterior sereno pode estar uma mente vibrante, repleta de pensamentos e sentimentos. E talvez seja necessário apenas um gesto gentil, uma palavra amiga, para abrir as comportas e permitir que essa riqueza interior se manifeste. 
 
Reflexão: Odair José, Poeta Cacerense

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