Somos feitos de histórias, mas elas não são eternas. Um dia, até as mais intensas se dissolvem como tinta esquecida à mercê da chuva.
Carregamos narrativas que julgamos sólidas, mas que não passam de fragmentos, ecos que se esfarelam na memória de quem nos recorda. Somos um conjunto de páginas que o tempo rasga sem aviso, um livro que insiste em se apagar enquanto ainda se escreve.
A vida não nos garante permanência; garante apenas passagem. E nessa travessia, cada gesto é uma palavra lançada ao vento, cada silêncio um parágrafo que talvez nunca seja lido. No fundo, somos a soma de histórias mal contadas, interrompidas, perdidas. O que permanece é tão frágil quanto o sopro de quem nos menciona ao acaso.
E, quando o último leitor fechar os olhos, talvez descubramos que nunca fomos mais do que um borrão no papel infinito do esquecimento.
Reflexão: Odair José, Poeta Cacerense

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