Algumas pessoas simplesmente travam. Travar antes de começar é um fenômeno mais comum do que parece — e profundamente humano. Às vezes, você tem uma ideia clara, o desejo intenso de agir, até mesmo os recursos à mão. Mas algo invisível te impede de dar o primeiro passo. O que é isso?
Pode ser medo — não do fracasso em si, mas do que ele representa: julgamentos, rejeições, a dor de não estar à altura do que você mesmo idealizou. Outras vezes é o perfeccionismo, que exige que tudo já nasça perfeito, ignorando que o processo é feito de tentativas, erros e descobertas. Ou talvez seja a ansiedade, a mente pulando para os mil desdobramentos futuros antes mesmo de você escrever a primeira linha, dar o primeiro toque, arriscar o primeiro sim.
Travar antes de começar também é uma forma de proteção. A mente tenta te preservar do desconforto da vulnerabilidade. Porque criar, mudar, arriscar... exige coragem. E coragem não é ausência de medo, mas a decisão de ir apesar dele.
Então talvez o verdadeiro início não seja o ato em si, mas um gesto interno: permitir-se começar mal, pequeno, confuso. A primeira página não precisa ser brilhante, o primeiro passo não precisa ser firme — só precisa ser real.
Travar é humano. Mas começar, mesmo tremendo, é onde mora a liberdade.
Reflexão: Odair José, Poeta Cacerense
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