"Até quando, Senhor, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritar-te-ei: Violência! E não salvarás?" (Habacuque 1. 2 - ARA)
Esse versículo nos apresenta um dos momentos mais humanos e intensos do Antigo Testamento. Habacuque não tem medo de questionar Deus. Ele está angustiado, cercado pela injustiça e pela violência, e sua pergunta ecoa o clamor de muitos em tempos de sofrimento: “Até quando?”
1. A dor de quem espera
Habacuque vive em uma sociedade marcada pela corrupção e pela opressão. Ele vê o mal prevalecer, enquanto os justos sofrem. Sua pergunta é carregada de frustração. Ele tem orado, tem clamado... e parece que Deus está em silêncio.
Essa é uma experiência comum na jornada da fé: há momentos em que parece que o céu se fecha, que Deus está distante, indiferente. Mas o próprio fato de Habacuque continuar clamando mostra que ele ainda acredita. Sua fé está ferida, mas viva.
2. A coragem de perguntar
Muitas tradições religiosas evitam o questionamento. Mas Habacuque nos mostra que perguntar também é uma forma de fé. Ele não se cala diante da dor. Ele insiste, ele confronta Deus com suas dúvidas — e isso é aceito nas Escrituras.
A Bíblia não pinta um quadro simplista da vida espiritual. Ela acolhe o lamento, o grito, a dúvida. E nos ensina que Deus não se incomoda com perguntas sinceras — Ele responde no tempo certo.
3. O grito contra a violência
O clamor do profeta é por justiça. Ele grita: "Violência!", como alguém que vê o mundo se desintegrar. É uma denúncia, um chamado ético. Habacuque não está preocupado só consigo mesmo. Ele está incomodado com o sofrimento coletivo.
Nesse sentido, o versículo nos convida à empatia. A fé não deve ser apenas contemplativa, mas também sensível ao que acontece ao redor. Clamar contra a violência é se unir ao coração de Deus, que também sofre com a injustiça.
Que tipo de perguntas você tem feito a Deus?
Há situações em sua vida ou no mundo que o fazem perguntar: "Até quando?"
Você acredita que Deus ouve mesmo quando parece silencioso?
Habacuque 1:2 nos convida a sermos honestos com Deus. A fé madura não é a que nunca questiona, mas a que continua buscando, mesmo em meio à escuridão.
Reflexão: Odair José, Poeta Cacerense