sábado, 5 de julho de 2025

Somos o que somos

    Somos o que somos, mesmo quando fingimos ser outra coisa. A carne, os gestos, o olhar... tudo denuncia o invisível. A manifestação externa — nossas palavras, reações, silêncios — não são máscaras, mas janelas, rachaduras da alma que se revela. 
 
    O ser humano não escapa de si mesmo. Ainda que se esconda sob mil papéis, o íntimo vaza, transborda, se insinua. A amargura se mostra no tom da voz. A alegria mora no brilho dos olhos. A paz se percebe no ritmo da respiração. A raiva, na tensão do corpo. O amor, na gentileza que escapa sem esforço. 
 
    Somos reflexo daquilo que cultivamos em silêncio. Quem carrega luz por dentro, ilumina até mesmo o breu ao redor. Quem cultiva sombras, projeta noite mesmo ao meio-dia. 
 
    Não há separação real entre o que sentimos e o que somos. A alma fala, mesmo quando a boca se cala. E a vida, como um espelho fiel, apenas nos devolve aquilo que somos por dentro. 
 
Reflexão: Odair José, Poeta Cacerense

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