sexta-feira, 9 de abril de 2021

No Tribunal de Cristo (Parte II)

Parte II 
 
    Uma jovem se aproximou do Juiz no Grande Trono. Um telão se abriu no espaço e começou a passar cenas de sua vida. Seu trabalho e dedicação na Obra de Deus. Era muito dedicada nos trabalhos da Igreja. Ajudava no conjunto de Jovens, atendia na portaria, contribuía com seus dízimos e ofertas. Orava e lia a Bíblia. Algumas vezes foi injuriada por causa de sua fé em Cristo. Sofreu preconceito na faculdade por ser crente. Mas, ao sentir-se triste com isso, orava pelas pessoas e pedia que o Senhor pudesse salvá-las. Que testemunho dessa jovem. O Juiz fez um aceno e no mesmo instante apareceu um outro anjo. Ele tinha uma coroa de pedras preciosas. Colocou sobre a cabeça da jovem e ela foi tomada por um brilho indescritível. 
 
    - Bem está serva fiel – Disse o Juiz – entra no descanso eterno. 
 
    O segundo da fila era um Pastor. Podia se ver em seu perfil. Calejado da vida no ministério. O telão se abriu e começou a passar sua vida. Infância sofrida. Pouca coisa para comer. Começo no ministério. Congregação pequena e sem recursos. Vida contínua de oração. Ensino sério da Palavra de Deus. Vida exemplar nos negócios. Submissão aos seus pastores na ordem hierárquica. Fugia de contendas e de falar dos outros. Sempre um bom conselho. Foi perseguido algumas vezes por membros insatisfeitos com seus métodos doutrinários. Manteve a fé diante de todas as dificuldades. Não se deixou ser levado por propostas indecorosas. Resistiu a tentação de outras mulheres, de lucros exorbitantes e a fama. Chorou muitas vezes pela sua congregação. Um exemplo de vida piedosa. O Juiz acenou outra vez e o anjo veio com uma coroa de ouro reluzente. 
 
    - Bom está servo fiel – Disse o Juiz – Entra no descanso do seu Senhor. 
 
    O terceiro era um Pregador. Notava-se em sua fisionomia e aparência. Abriu-se o telão. Sapatos de couro de jacaré, terno Slim Corte Italiano. Gravata de luxo. Bíblia do Pregador Pentecostal. Viagens e mais viagens. Pregação em grandes congressos ou igrejas suntuosas. Carro do ano. Jatinho particular. Somas vultuosas de contribuição para o seu ministério. Grandes caches para pregar. Jactância. Orgulho. Soberba. Não respeitava a hierarquia do Ministério e nem parava em sua igreja local. Dizia ser representante de Deus na Terra. Receba! Receba! Receba! O Juiz chamou o anjo. Sobre sua cabeça foi colocado uma coroa de madeira. Passou pelo fogo. Não sobrou nem as cinzas. Podia ver-se a frustração no rosto do Pregador. 
 
    - Você recebeu a sua recompensa na Terra! - Disse o sábio Juiz – A Glória que seria para o meu Pai você desfrutou dela. Tens a salvação, mas não precisava passar essa vergonha. 
 
    A quarta pessoa era uma jovem senhora. Era uma médica. Abriu-se o telão e começou a passar sua vida. Família rica e prospera. Não teve dificuldade na infância e adolescência. Bem cuidada nos caminhos e preceitos conservadores aprendeu sobre a compaixão de Cristo para os enfermos. Na faculdade desviou-se dos caminhos do Senhor e, por um breve período fez coisas desagradáveis. Mas, logo se arrependeu e voltou-se para as coisas de Deus. Moça de grande inteligência poderia ter uma carreira brilhante na Medicina. Preferiu abrir mão de todo conforto e dos grandes projetos para desenvolver ajuda humanitária nas periferias das grandes cidades. Fez projetos sanitários para ajudar crianças na África. Sempre evangelizava de forma humanitária falando do grande Salvador. O Juiz acenou e o anjo veio com uma coroa. Era de prata reluzente. Linda e magnífica. 
 
    - Como aproveitaste os talentos que lhe dei! - Disse o Juiz – Granjeastes com ele e muitas almas que aqui estão estão por sua causa. Entra no descanso do seu Mestre. 
 
    O próximo da fila era um destacado Político cristão. Abriu-se o telão e começou a passar as suas façanhas. Mentiras, falcatruas e enganações. Grandes investimentos para templos, mas a intenção era bajular os pastores locais e angariar votos para as próximas eleições. Reuniões secretas em gabinetes e olhares lascivos para suas assistentes. Uma vida desperdiçada com projetos sem futuro. Grandes oportunidades perdidas quando poderia ter ajudado muitas pessoas carentes. Viveu uma vida inteira de aparências. O Juiz acena para o anjo. Em suas mãos uma coroa de feno. Queimou antes de cair na fornalha. 
 
    - Desperdiçou uma vida inteira com coisas sem valor – Disse o Juiz – tirou dos pobres e carentes quando deveria ter ajudado-os. Recebeste a sua recompensa lá na Terra. 
 
    Nesta altura dos acontecimentos eu já estava bastante angustiado. Muitas coisas passavam pela minha cabeça. Quantas coisas eu poderia ter feito na Obra de Deus? Quantas coisas poderia ter evitado fazer das que fiz que desagrava os mandamentos do Senhor? O quanto eu poderia ter feito a minha vida ser diferente. Agora não valia justificativa. Nada poderia passar despercebido aos olhos do Supremo Juiz. Uma vida inteira pela frente desperdiçada com coisas banais e passatempos ineficazes. Olhei para o anjo que era meu guia e ele apenas abriu as mãos e soltou os ombros como se dissesse “agora não adianta lamentar”. 
 
(Continua...)
Link da Parte I 
 
Conto: Odair José, Poeta Cacerense

Um comentário:

  1. Que maravilha, o justo juiz julga corretamente, naquele Grande dia' não terá advogado pra defender ninguém ELE confirmará O EU SOU.

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