segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Objetos “sagrados” comercializados pela Igreja


Por Odair José da Silva 

“As igrejas da Europa possuíam pedaços de madeira da verdadeira cruz em quantidade suficiente para construir um navio. Nada menos que cinco tíbias do jumento montado por Jesus quando entrou em Jerusalém eram exibidas em lugares diferentes, não se falando de doze cabeças de João Batista. [...] O arcebispo de Mogúncia [...] alegava possuir ‘uma libra inteira do vento que soprou para Elias na caverna do monte Horebe, além de duas penas e um ovo do Espírito Santo’”. (BURNS, Edward M. História da civilização ocidental, p. 378).

Ao ler esse relato para os meus alunos na aula de História pude perceber o olhar de admiração por tal fato. Como podem existir pessoas tão ingênuas para acreditar nisso? Foi à pergunta de um dos alunos. Claro que ele não usou a expressão “ingênuo” e sim a famosa lembrança do animal que carrega carga. Então fiz outra pergunta para tentar esclarecer a situação. Será que não vemos isso nos dias de hoje? Como tentei não entrar no mérito do que cada denominação prega nos dias atuais para não correr o risco de ser mal interpretado só deixei a pergunta como uma reflexão. Logicamente que é fácil ver a comercialização do “sagrado” nos dias atuais. Vendem-se de tudo um pouco. Tijolinhos ungido para abençoar na construção da sua casa própria; miniatura de carros para você adquirir o seu veículo; vassoura ungida para varrer o mal da sua casa; entre outras infinidades de coisas.

Cantores e pregadores que cobram cachês exorbitantes para fazerem as suas apresentações sem nenhum compromisso com Deus. A glória são deles e não do Senhor Jesus Cristo. Aliás, Jesus só serve mesmo para venderem os seus produtos. Logicamente que existem aqueles que fazem as coisas de boa fé. Estou me referindo aos lobos devoradores. Mercantilistas que aproveitam a ingenuidade do povo para poderem lucrar e alcançarem o sucesso. Refiro-me as práticas, cada vez mais patentes de inescrupulosos deturpadores do Evangelho.

Na época anterior a Reforma Protestante em 1517, a Igreja Católica, maior senhora feudal da Europa e detentora das maiores riquezas, só queria se manter no poder as custas dos pobres miseráveis. Havia um grande número de padres do baixo clero que não sabiam ler e não conheciam o Evangelho. Alguns mal sabiam rezar: celebrava as missas fingindo que falavam latim, o idioma oficial da Igreja. Muitos clérigos namoravam às escondidas enquanto o alto clero vivia uma vida luxuosa sem se importar com os menos favorecidos. Para manter esse status com a decadência do feudalismo era preciso extorquir os pobres fiéis prometendo-lhes o perdão dos pecados por meio das indulgências.

É nesse contexto que Deus levanta um homem para abalar as estruturas da religião já definhada pela ganância e totalmente afastada dos princípios do verdadeiro evangelho. Martinho Lutero. Um homem cheio do Espírito Santo e guiado por Deus vai enfrentar o papa e afirmar que a salvação é pela fé em Jesus Cristo.

Infelizmente vivemos dias em que vemos um grande número de falsos pregadores espalhando um evangelho falsificado. Distante dos ensinos de Jesus Cristo. Alguns legalistas são verdadeiros fariseus modernos. Colocam tanto jugos e obstáculos à salvação que é impossível alguém conseguir alcançá-la. Outros são tão liberais que já não exigem nenhum sacrifício dos fiéis. A porta é tão larga que a pessoa pode fazer o que quiser e mesmo assim ser salvo em Jesus. Ele só quer o coração, dizem, como se Jesus fosse açougueiro.

Mas, aqui está o meu brado de atalaia para que voltemos ao verdadeiro Evangelho. Jesus ainda está convidando: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma”. ( Mateus 11. 28, 29). Não vejo aqui a necessidade de se comprar esse ou aquele objeto para alcançar prosperidade e ser abençoado. Nem vejo a necessidade de fazer muita coisa para ser salvo. Vejo, sim, a simplicidade de um Evangelho que prioriza o Jesus Cristo, o Filho de Deus que deu a sua vida em resgate da minha e da sua vida. Que possamos entender o sentido do verdadeiro Evangelho.

Texto: Odair José, o Poeta Cacerense

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