sábado, 6 de agosto de 2016

Lutero - O homem certo na hora certa


Por Odair José da Silva

“E, vendo o Senhor que se virava para lá a ver, bradou Deus a ele do meio da sarça e disse: Moisés! Moisés! E ele disse: Eis-me aqui.” Êxodo 3.4.

“Disse-lhe, porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis, e dos filhos de Israel.” Atos 9.15.

Em dois momentos cruciais da história do povo de Deus vemos o Senhor escolhendo um homem para fazer a diferença. Quando o povo era escravo no Egito, Deus chama Moisés. E através dele realiza uma história épica com o livramento do povo de Deus da escravidão do Egito para a terra prometida. Moisés fez a diferença porque era o homem certo na hora certa. O mesmo aconteceu com o apóstolo Paulo. Quando o Senhor precisou de um homem para expandir os ideais do cristianismo ele escolheu Paulo e o capacitou para fazer uma obra extraordinária. Era o homem certo na hora certa.

Mas, não apenas esses dois homens fizeram a diferença no seu tempo. Poderíamos estender essa lista e citar outros nomes. Homens que se colocaram na brecha. Que não mediram esforços para realizar o serviço do Senhor. E a lista seria enorme. Por isso quero falar de outro homem certo na hora certa: Martinho Lutero.

Em 31 de outubro de 1517, Lutero, que era monge, afixou na porta da catedral de Wittemberg, na Alemanha, as 95 teses contra a Igreja Católica. A iniciativa de Lutero é tida como decisiva para o fim do monopólio que a Igreja Católica exercia sobre os cristãos. Em poucos anos, como diria o historiador Lucien Febvre, Lutero deixava de ser um homem de importância provinciana, para se tornar uma figura européia. Mas, quem foi Lutero e qual a importância dele para os propósitos de Deus?

Martinho Lutero, monge agostiniano e destacado teólogo, mostrava-se particularmente envolvido com o tema da salvação. Buscava compreender o ensinamento da Igreja de que a salvação dependia da fé, das obras e da graça. As práticas defendidas pela Igreja para se obter a salvação – as boas ações, as orações, o jejum, as peregrinações, a missa e os outros sacramentos – jamais haviam convencido Lutero. O conceito de salvação pela fé parecia responder à sua busca espiritual.

A fé, dada gratuitamente por Deus através de Cristo, proporcionaria a salvação. Com base nisso, Lutero concluiu que, por mais numerosas e necessárias que fossem, as boas obras não trariam a salvação. A Igreja pregava que, após a morte, havia três destinos possíveis para as almas: o Céu, o Inferno e, para aqueles que ainda não estavam prontos para entrar no Céu e tampouco mereciam o Inferno, o Purgatório. As pessoas temiam o purgatório, pois se preocupavam com o tempo que poderiam ter de passar nessa zona de espera.

A esse temor a Igreja respondia com as indulgências, que eram oferecidas como garantia de redução desse tempo. Eram concedidas aos que oravam, compareciam à missa e realizavam boas obras, incluindo doações de dinheiro à igreja. Os críticos dessa prática – dentre eles Lutero – percebiam que as doações na verdade sinalizavam para a tentativa de “compra” da entrada no Céu. Usado por Deus, ele se colocou contra essa prática mesmo sabendo que corria sério risco de parar nas fogueiras da Inquisição. Ao saber da ação de Lutero, o papa exigiu que ele desmentisse publicamente tudo o que havia dito em suas teses. Lutero recusou-se e rompeu com a Igreja de Roma. A tentativa de puni-lo provocou o protesto dos nobres que apoiavam a Reforma. Por essa razão, os seguidores de Lutero ficaram conhecidos como protestantes. Lutero traduziu a Bíblia para o alemão, tornando a sua leitura possível para todos os alfabetizados. Dessa forma, divulgou sua convicção de que somente a fé aproximava os homens de Deus. Além disso, aboliu o clero e negou a infalibilidade do papa.
É importante saber: se Lutero tivesse se revoltado contra a Igreja Católica um século antes, possivelmente teria sido queimado numa fogueira, como ocorreu com outros que o fizeram. No momento em que Lutero se revoltou, o descontentamento com as atitudes da Igreja era grande e havia pessoas poderosas – reis e príncipes – dispostas a romper com aquela instituição e a proteger quem o fizesse. É aqui que vemos o propósito de Deus na vida de Lutero. Um homem certo na hora certa.

Quem sabe você tenha, até hoje, pensado que não é ninguém nesse vasto universo. Mas, quero que saiba que Deus tem um propósito para a sua vida e que você foi chamado para fazer a diferença. Quem sabe não uma obra gigantesca como Moisés, Paulo ou Lutero. Mas, um pequeno trabalho junto a sua família, seus amigos ou pessoas a sua volta. Descubra o que Deus tem reservado para você e faça a diferença nesse mundo. Você é a pessoa certa na hora certa.

Texto: Odair José, o Poeta Cacerense

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