Somos feitos de histórias. Carregamos dentro de nós capítulos que nunca foram escritos, mas que se revelam em gestos, olhares e silêncios. A infância se conserva como um prólogo bordado de inocência; as escolhas, como páginas rabiscadas às pressas; as perdas, como capítulos arrancados, que ainda assim deixam suas margens. Cada encontro nos escreve uma linha, cada despedida nos sublinha de forma definitiva.
Não somos apenas lembranças, mas narrativas em movimento. As histórias que herdamos, as que criamos e até as que escondemos formam um tecido invisível que nos sustenta. A memória é a tinta, o tempo é o editor, e a vida, essa obra sempre inacabada, que não cabe em um só livro. No fim, permanecemos não pelo que acumulamos, mas pelas histórias que deixamos ecoar na voz dos outros, como ecos que continuam a escrever-nos quando já não estamos.
Reflexão: Odair José, Poeta Cacerense

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