segunda-feira, 4 de setembro de 2023

Entre sonhos e desencantos

    Na tessitura da realidade, o que é tangível é apenas uma fração do que verdadeiramente somos e sentimos. Paramos para pensar e buscamos respostas que nem sempre encontramos. "A presença invisível da alma" sugere que há uma dimensão imaterial, intrínseca e profunda em cada ser, que nem sempre é percebida pelos olhos, mas é sentida por aqueles que se abrem para a experiência humana mais completa. Este elemento invisível não se reduz à materialidade, mas influencia nossas ações, escolhas e, principalmente, nossa percepção de mundo. 

    No entanto, muitas vezes, a alma, com sua profundidade e sensibilidade, encontra-se em um ambiente onde a magia e o encanto parecem ter desaparecido. "Pessoas que vivem desencantadas" são aquelas que, talvez pela constante exposição às adversidades da vida ou pela rotina sufocante, perderam o contato com a essência misteriosa que permeia a existência. O desencanto é, em essência, uma desconexão da alma com o mundo, uma sensação de alienação em relação ao próprio eu e ao universo. 

    Mas, mesmo nas almas desencantadas, existe uma centelha que nunca se apaga completamente. "O sonho é sempre um hóspede clandestino". Este fragmento sugere que, independentemente de quão árida ou cinza uma vida possa parecer, o sonho persiste, escondido, aguardando o momento de se manifestar. Sonhar é resistir. O sonho, mesmo que adormecido ou silenciado, é uma rebelião contra o desencanto, um lembrete de que a alma, mesmo invisível, tem desejos, aspirações e uma ânsia inextinguível de transcendência. 

    E em meio ao tecido da realidade, surgem aqueles que vão além do presente e tentam vislumbrar o futuro, os "profetas". No entanto, "profetas que profetizam outras coisas" sugere que nem sempre as previsões estão alinhadas com expectativas comuns ou com o que é socialmente aceito. Estes profetas, que desafiam convenções e revelam verdades desconcertantes, são muitas vezes vistos como marginais ou heréticos. Eles nos lembram que a verdade, assim como a alma, é multifacetada e que existem inúmeras realidades esperando para serem descobertas. 

    Sendo assim e percorrendo a eterna busca pelo sentido da existência, podemos deduzir que essa tapeçaria filosófica, tecida a partir de fragmentos pensados na solidão, nos leva a uma jornada que explora a essência invisível da humanidade, o desencanto que por vezes nos aflige, a resiliência inerente aos sonhos e a coragem dos que ousam ver além do óbvio. É um convite para reconhecer e valorizar as dimensões mais profundas de nossa existência, a fim de encontrar significado, propósito e conexão em um mundo em constante transformação. 

Reflexão: Odair José, Poeta Cacerense

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