quinta-feira, 15 de junho de 2023

Quando Deus diz não

    “Como amaldiçoarei o que Deus não amaldiçoa? E como detestarei, quando o SENHOR não detesta?” Números 23.8 
 
    Devemos estar atentos para as ocasiões em que Deus nos orienta a não ultrapassar os limites impostos por Ele. 
 
    Quando estudamos a respeito de Balaão vemos que ele ouvia a voz de Deus, embora não fosse um hebreu (Nm 22.12). A princípio parece que reconhecia o Todo-Poderoso como o único e verdadeiro Deus, mas tudo indica que em algum momento ele deixou a ambição tomar conta do seu coração e passou a ignorar a voz do Senhor. Balaão foi chamado pelo rei de Moabe para amaldiçoar o povo a quem Deus já havia abençoado. Sua missão era impossível e ele bem sabia que não obteria êxito, contudo tentava de todas as formas receber algum tipo de recompensa. Tudo indica que Balaão levava a sério sua missão profética, todavia seu coração era ambicioso e dúbio. Que jamais sejamos seduzidos pela tentação da ambição e venhamos nos apartar do Senhor, fonte de bênçãos e vida abundante. 
 
    Uma das maiores tentações que cercam as pessoas que conhecem a Deus é, justamente, tentar contornar o que o Senhor disse, seja para fazer alguma coisa, seja para deixar de fazê-la. A vontade do Altíssimo pode impulsionar pessoas para a obediência, mas quando essa vontade confronta o que desejamos, como reagimos? Não raro, o anseio por conseguir mais bens materiais, posições ou fama nos leva a querer impor para Deus a nossa vontade. A ambição pode nos fazer ignorar as orientações expressas do Eterno, levando-nos a lugares onde Ele jamais planejou que estivéssemos. 
 
LIÇÕES QUE APRENDEMOS COM BALAÃO 
 
    1. Um homem que ouvia a voz de Deus (Nm 22.8-12). 
 
    Balaão é descrito na Bíblia como um homem que ouviu a voz de Deus. Moisés não entra em detalhes sobre a fé de Balaão, nem como ele começou a ouvir ao Todo-Poderoso, muito menos se Balaão tinha por hábito obedecer ao que Deus lhe dizia, mas deixa claro que ele não apenas ouviu ao Pai Celeste, mas soube também distinguir que o Senhor estava falando com ele. Então, eis aqui uma importante questão: Quando somos tentados, não basta ouvir a voz de Deus! Veremos que é preciso ouvir e obedecer ao que Deus está falando. O Senhor não se nega a falar conosco. Hoje temos a sua Palavra escrita, onde os princípios gerais para comunhão com Ele já estão apresentados. Temos também respostas do Altíssimo quando oramos, e podemos não somente ouvir sua voz nos orientando, mas igualmente nos direcionando em situações nas quais Ele mesmo está nos dirigindo (Jr 33.3). Deus também fala conosco de diferentes maneiras: por intermédio dos seus servos e por meio dos dons espirituais, que são bíblicos e válidos para os nossos dias, pois foram dados à Igreja para a edificação dos santos. Esses dons não têm data de validade no Novo Testamento, nem se sujeitam ao pensamento de algumas pessoas que entendem terem sido extintos no primeiro século da era cristã. Mas, de nada adiantaria todas essas formas do Criador falar conosco, se decidirmos que ouvir e obedecer ao que Ele diz não é necessário. 
 
    2. Um homem diante de um negócio (Nm 22.6,18). 
 
    Balaão entra na história sagrada durante a caminhada do povo em direção à Terra Prometida. Midianitas e moabitas se uniram em torno de uma causa à qual julgaram ser um problema em comum: o acampamento dos israelitas nas campinas de Moabe (Nm 22.1-3). É certo que a multidão de hebreus deixou os moabitas assustados, pois os filhos de Abraão eram numerosos. Talvez fosse mais fácil, para os inimigos do povo de Deus, se cercarem de forças espirituais que pudessem dar fim àquele povo, poupando, desta forma, uma possível guerra e a perda de moabitas. Dessa forma, os midianitas e moabitas enviam representantes para falarem com Balaão. 
 
    3. Povo bendito é. 
 
    Após receber os representantes dos dois reinos, Balaão consultou ao Senhor. Ao que parece, ele não tinha conhecimento de que os hebreus contavam com a proteção de Deus. O Eterno sabia o que estava acontecendo, mas se dirigiu a Balaão e perguntou quem eram os homens que estavam com ele. Deus deixou que ele explicasse quem eram e o que estavam fazendo, e de forma objetiva, deixou claro a Balaão que ele não deveria entrar naquele negócio: “[…] Não irás com eles, nem amaldiçoarás a este povo, porquanto bendito é” (Nm 22.12). É curioso o fato de que Deus considera seu povo um povo bendito. O mesmo povo que murmurou contra Ele, que se rebelou contra Moisés, foi considerado bendito pelo próprio Senhor. É provável que isso se deva não apenas porque o Todo-Poderoso trata com o seu povo de forma amorosa, mas também que somente Ele pode julgar os seus. Ele não permitiria que seu próprio povo fosse alvo de alguma maldição. Na prática, foi essa lição que Balaão não aprendeu. Ele até entendeu, em um momento inicial, que não deveria agir de forma contrária ao que Deus lhe orientou: “Então, Balaão levantou-se pela manhã e disse aos príncipes de Balaque: Ide à vossa terra, porque o SENHOR recusa deixar-me ir convosco” (Nm 22.13). Mas logo ele sucumbiria à constância dos apelos daqueles povos. 
 
    Balaão começou sua história como uma pessoa que ouvia a Deus, mas se tornou depois um mercenário. A tentação de fazer a nossa própria vontade sempre terá seu preço. Balaão poderia ter entrado para a história como um personagem que aprendeu a ser fiel a Deus, mas passou a ser conhecido como um vidente maligno, cujo conselho matou a ele e outras milhares de pessoas. 
 
Reflexão: Odair José, Poeta Cacerense 
Fonte: Lições Bíblicas Jovens CPAD 2º Trimestre 2022.

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