sexta-feira, 19 de abril de 2024

O último capítulo da existência humana

    Cheguei cansado em casa. Fora uma semana exaustiva e queria apenas descansar. Depois de tomar um banho frio deitei-me na cama e dormi profundamente. Foi então que sonhei. 
 
    Nos confins do tempo e do espaço, onde as estrelas teciam seus próprios destinos, a Terra jazia como um ponto frágil em meio ao universo vasto e implacável. Sua história, repleta de glórias e tragédias, estava prestes a alcançar seu derradeiro capítulo. 
 
    Num mundo onde a ambição humana havia se desenfreado, os sinais de autodestruição ecoavam em cada canto da sociedade. Governantes cegados pela ganância buscavam poder sem limites, enquanto corporações devoravam recursos sem se importarem com as consequências. A terra, exaurida e ferida, gemia sob o peso das escolhas egoístas da humanidade. 
 
    E foi assim que a ruína se abateu sobre o planeta. Guerras travadas por recursos escassos transformaram cidades em ruínas fumegantes. As mudanças climáticas, aceleradas pela insensatez humana, desencadearam tempestades violentas e secas abrasadoras que tornaram vastas regiões inabitáveis. A fome e a doença se espalharam como uma praga, ceifando vidas em massa. 
 
    Enquanto o caos se desenrolava, alguns buscavam desesperadamente uma saída. Cientistas clamavam por soluções, visionários propunham novas formas de pensar e agir, mas suas vozes eram abafadas pelo clamor dos interesses mesquinhos. 
 
    Nos momentos finais, quando o véu da escuridão parecia prestes a cair sobre a Terra, a humanidade despertou para a cruel ironia de sua própria destruição. Olhando para trás, através das ruínas do que um dia fora seu lar, viram os destroços de suas ambições desmedidas. 
 
    No entanto, mesmo no crepúsculo da existência, um lampejo de esperança brilhava no horizonte. Entre os escombros da civilização, pessoas se uniam para ajudar umas às outras, recordando-se da essência que as tornava humanas: a capacidade de amar, de se importar, de se sacrificar pelo bem comum. 
 
    E assim, enquanto o mundo desabava ao seu redor, a humanidade descobriu sua redenção nas pequenas ações de bondade e solidariedade. Enquanto o sol se punha sobre as ruínas da velha ordem, erguia-se a promessa de um novo começo, onde a ambição seria temperada pela sabedoria, e o destino da Terra seria moldado pela compaixão e pelo cuidado mútuo. E foi nesse exato momento que acordei e descobri que teria mais um dia pela frente. 
 
Reflexão: Odair José, Poeta Cacerense

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