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sexta-feira, 2 de junho de 2017
O primeiro Culto Protestante no Brasil
A história está sempre em construção e seus detalhes trazem descobertas e fascínios cada vez que a estudamos. A religiosidade é uma das questões que sempre me fascinou e procuro entender, mesmo com minhas limitações intelectuais, para ter uma maior compreensão naquilo que acredito e defendo. Do ponto de vista da minha fé, creio ser importante saber as minhas origens e o que moldaram o meu pensamento. Neste sentido, é que me propus analisar, mesmo que sucintamente, a origem do protestantismo no Brasil. Dessa forma, analiso aqui o primeiro culto protestante em terras tupiniquins.
O Brasil era colônia portuguesa em regime de “Padroado”. O historiador presbiteriano, Dr. Alderi, define o Padroado como sendo “uma concessão feita pela Igreja Católica a determinados governantes civis, oferecendo-lhes certo controle sobre a igreja em seus respectivos territórios como um reconhecimento por serviços prestados à causa católica e um incentivo a futuras ações em benefício da igreja”. Em 1493, Papa Alexandre VI redigiu um documento declarando a supremacia espanhola sobre as terras descobertas.
De acordo com o Reverendo Ângelo Vieira da Silva, Ministro Presbiteriano, em 1494, o Tratado de Tordesilhas determinou o que seria da Espanha e o que seria de Portugal nas novas descobertas. Em 1549, chegam os primeiros 6 jesuítas ao Brasil (Companhia de Jesus foi organizada 9 anos antes, em 1540). Em 1553, chega o mais famoso dos jesuítas, José de Anchieta. Em 1555, sob a liderança de Nicolas Durand de Villegaignon, grupo de cerca 600 franceses fundaram o Forte Coligny na Baía da Guanabara-RJ, dando origem à “França Antártica”, ficando, assim, conhecida como “a Invasão Francesa” em nossa história católica brasileira.
Fato interessante nessa história é que Villegaignon solicitou a Calvino o envio de pastores. Em 07/03/1557, chegaram 2 pastores (Pierre Richier e Guillaume Chartier), um grupo de huguenotes (Protestantes franceses) e refugiados vindos de Genebra, numa 2ª expedição. Em 10/03/1557 celebram o 1º culto protestante em solo brasileiro. Em 21/03/1557 ocorre a celebração da 1ª Santa Ceia em rito Genebrino.
Conta-nos a história que a expedição da qual faziam parte os huguenotes chegou ao porto da Guanabara no dia 7 de março de 1557, após quatro meses de viagem da França ao Brasil. Villegaignon recebeu festivamente os huguenotes, pois estes mereciam sua confiança e neles estava a esperança de êxito na conquista desta parte da América.
O desembarque dos huguenotes foi realizado no dia 10 de março de 1557, uma quarta-feira, e no mesmo dia realizou-se o primeiro culto protestante nas Américas, em um salão rústico existente na ilha. Dirigiu o culto o pastor Pierre Richier, o qual pregou com base em Salmos 27.4: “Uma coisa pedi ao Senhor, e a buscarei: que possa morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a formosura do Senhor, e aprender no seu templo”. Cantaram na ocasião o Salmo 5.
Estava, portanto, realizado em solo luso-brasileiro o primeiro culto protestante que, mais tarde, viria a crescer e expandir como vemos nos dias atuais em nosso território. Hoje o protestantismo é uma das marcas do povo brasileiro.
Mas, continuando a história do primeiro culto protestante no Brasil, é preciso salientar que infelizmente Villegaignon não era o que todos pensavam. Assim, o “Ex-frade” Jean Cointac levanta questões sobre o sacrifício da missa, a doutrina e usos dos sacramentos, a invocação e mediação dos santos, a oração pelos mortos, o purgatório e muitas outras que fazem com que Villegaignon posicione-se católico e perseguisse os huguenotes. Estes buscaram refúgio entre os índios tupinambás. Tentaram fugir por navio, mas este afundou. Cinco voltaram, e foram aprisionados por Villegaignon. Surgiu assim a “Confissão de Fé da Guanabara” que culminou no enforcamento dos calvinistas.
Essa é, portanto, uma das páginas obscuras e sangrentas da História do Brasil que falaremos em outra oportunidade. O que podemos deixar registrado nesse artigo é que a Palavra de Deus atravessou o oceano e encontrou neste solo uma guarida e, desde então, tem transformado vidas para o Reino de Deus. Não podemos ficar presos aos erros e sim valorizar os acertos em cada realização de evangelismo para a transformação do ser humano à imagem de Cristo. O evangelho, como dia o Apóstolo Paulo, é poder de Deus para transformação e libertação dos pecadores em novas criaturas de Deus.
Texto: Odair José, Poeta e Escritor Cacerense
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Essa mudança repentina de Villegaignon; tem que ter uma explicação, afinal ele era ensinado nos fundamentos Protestantes.
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