sábado, 18 de novembro de 2017

As lições do filho pródigo


By Odair José 

Sentado triste a olhar 
Os porcos que se alimentavam 
Sentiu a tristeza no coração. 
Sentia fome também 
E desejou alimentar-se com a comida dos porcos. 
E chorou dentro de si. 
Sentiu saudades de casa 
Da bonança que sempre tivera 
E sabia que até os jornaleiros de seu pai 
Alimentava-se melhor que ele agora. 
Sentiu vergonha de ter saído de casa 
Arrependia-se de tudo que fizera 
E as lágrimas corriam de seus olhos. 
Os porcos continuavam a comer 
Brigavam entre si 
E enlameavam-se. 

Que situação humilhante 
Alimentar-se da comida dos porcos 
Enquanto na casa do pai havia conforto. 
Mas, ele sabia que havia perdido tudo 
A herança que pedira ao pai 
Ele havia torrado nas bebedeiras e nas noitadas sem fim 
E, enquanto tinha dinheiro tivera amigos 
E os mesmos evaporaram assim que o dinheiro acabou. 
Lembrava da forma tristonha em que o pai havia ficado 
Na noite em que partiu 
Sem ter pena do olhar amoroso e triste do pai. 
O que fizera de sua vida? 

Lembrou-se de seu pai e do quanto o amava 
Queria voltar para casa 
Mas, sabia que não merecia amor depois de tudo que fizera. 
Vou pedir perdão ao meu pai 
E pedir-lhe que me faça como um de seus jornaleiros 
Ainda será melhor do que essa comida de porcos. 
Levantou-se. 
Uma atitude que ainda precisava ter em sua vida. 
Caminhou com passos trêmulos rumo à casa do pai. 
Sabia que tinha perdido tudo 
Mas, queria o perdão. 

O pai ao vê-lo moveu-se de íntima compaixão. 
Deu-lhe um abraço carinhoso e chorou em seus ombros. 
Não sou digno de ser chamado seu filho 
Pois pequei contra os céus e perante ti 
Faça-me como um de seus jornaleiros. 
Não diga isso, meu filho, 
Eis que lhe visto com o melhor vestido, 
Coloco-lhe o anel no dedo 
E sandálias nos pés. 

O vestido simboliza a remissão dos pecados 
Que Deus lança no mar do esquecimento. 
Enquanto os homens olham para o nosso passado, 
Deus vê o nosso futuro. 
Quando o primeiro homem pecou e sentiu-se nu diante de Deus 
Envergonhado, 
O Senhor o cobriu com peles de animais. 
Remissão de pecados 
E libertação da vergonha que este causa ao ser humano. 
O anel no dedo simboliza autoridade. 
O filho perdoado recebe a autoridade do pai 
E todos reconhecerão que ele é o filho honrado. 
As sandálias representam a dignidade de filhos. 
Nessa época apenas os escravos andavam descalços. 
Eis as lições do filho pródigo. 

Quantos filhos estão distantes da casa do pai. 
Receberam sua herança e as perderam nas noitadas da vida 
Em bebedeiras, jogatinas e prostituição 
E hoje estão se alimentando das bolotas que os porcos comem. 
Mas, sente no coração a tristeza dessa vida 
E saudade do tempo em que tinham a comunhão na casa do pai. 
Tome uma atitude. 
Levante-se do lugar onde está e volte-se ao seu Criador. 
Ele te espera para restituir a alegria que tinha 
Quando cantava de alegria e tinha uma vida digna de filho. 
Volte e terá vestidos novos para cobrir tua nudez 
Anel de autoridade no dedo 
E sandálias nos pés mostrando que não és escravo e sim filho. 
Basta que tenha atitude. 

Poema: Odair José, o Poeta Cacerense

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