Procuram-me nos templos e igrejas,
Mas nem sempre eu estou por lá,
Na maioria do tempo estou na rua,
Deitado, solitário e desmotivado
Com esse mundo totalmente desregrado.
A maioria dos mortais pensa que irei voltar,
Mas eu já voltei, e sequer fui notado.
Fiz questão de voltar com um aspecto castigado,
E de misturar-me com os enfermos de coração despedaçado.
Os abastados ignoram-me,
Quando não, tratam-me como os dejetos de suas latrinas.
Os pseudosreligiosos passam do meu lado,
Mas não me veem de verdade.
Depois dos mendigos, os únicos serem
Que conseguem notar a minha presença
São as crianças, que sempre me presenteiam com um sorriso.
Já os adultos estão podres,
São vazios por dentro e cheios por fora,
Cheios de si,
Cheios de razão,
Cheios de certezas,
Cheios de pecados,
E consequentemente
Cheios de sofrer,
Pois ainda não aprenderam
A essência do viver.
É tudo tão simples,
Meu pai é simples,
Eu sou simples,
A fé é simples,
O afamado amor é simples,
E a felicidade que tanto buscam é ainda mais simples.
Mas os mortais insistem
Em complicar o singelo,
E depois oram a mim
Como solução,
Como se houvesse razão.
A falta de humildade
Faz com que a humanidade não me veja realmente,
Mas eu estou aí, nas coisas simples,
Do seu lado, deitado na sua porta,
Tomando conta da sua casa,
Querendo a cada dia mais
Reger a sua vida com luz e harmonia,
Basta enxergar-me com verdade,
Basta vestir-se com os trapos da bondade
E despir-se dos finos panos da vaidade.
Não preocupe-se em me achar
Em uma religião,
Retire as poeiras mundanas de sua retina,
Veja que estou diante de ti, e terás o seu galardão.
Não celebre o meu nascimento
Apenas no Natal, chamando-me menino Jesus,
Pois todo dia eu renasço em baixo de uma marquise,
E lá, chamam-me de mendigo Jesus.
Bruno Rico.
www.sentimentocritico.blogspot.com
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