Uma pessoa que se deixa controlar pelos desejos é, de certo modo, uma casa sem portas — qualquer impulso entra, se acomoda e faz morada.
Ela acredita estar vivendo em liberdade porque segue cada vontade, cada febre do momento, cada brilho que passa como um peixe rápido na superfície da água.
Mas, na verdade, é levada pela correnteza.
O desejo, quando assume o leme, não conduz: arrasta.
Ser escravo dos próprios desejos não é sentir, mas perder o rumo.
É confundir intensidade com direção, e urgência com verdade.
É permitir que algo interno, porém desordenado, dite o passo, o tom, a história — e você, que deveria ser o narrador, vira personagem secundário.
A liberdade nasce quando o desejo deixa de ser dono e volta a ser visitante.
Quando você não é mais arrastado pelo que quer agora, mas guiado pelo que deseja ser depois.
Quando os impulsos deixam de te usar, e passam a te servir.
Quem é dominado pelos desejos é escravo;
quem aprende a escutá-los sem se ajoelhar, começa a ser livre.
Reflexão: Odair José, Poeta Cacerense

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