Conheça bem os seus defeitos.
Essa é, talvez, uma das formas mais sinceras de começar a caminhar em direção a si mesmo. Não para se diminuir, nem para carregar a alma com pesos desnecessários, mas para enxergar, com lucidez, aquilo que ainda nos falta — e aquilo que, justamente por faltar, nos impulsiona.
Ninguém é completo.
Essa verdade, longe de ser uma sentença de limitação, é o que nos mantém vivos por dentro. Somos feitos de buracos, lacunas, pequenas rachaduras que deixam passar tanto a luz quanto a sombra. E é nesse jogo de presenças e ausências que o humano respira. O que nos falta não é um defeito em si; é o espaço onde o aperfeiçoamento pode pousar.
Mas conhecer os próprios defeitos exige coragem.
É mais fácil fugir deles, construir máscaras, inventar desculpas, culpar o tempo, a vida ou o outro. Difícil é olhar para si com a honestidade de quem sabe que o caminho da mudança começa sempre pelo reconhecimento da própria incompletude. Defeitos não são sentenças eternas; são pontes. Servem para nos mostrar por onde seguir, onde ajustar o passo, onde respirar mais fundo antes de avançar.
E ainda assim, nunca saia do caminho do aperfeiçoamento.
Não porque exista uma versão perfeita esperando por nós no futuro — não existe. Mas porque o ato de melhorar é, por si só, uma forma de amor próprio. É um compromisso silencioso de não abandonar aquilo que podemos ser. Melhorar não significa se tornar impecável; significa se tornar mais inteiro.
No fim, aperfeiçoar-se é um movimento contínuo.
Um ir e voltar, cair e levantar, perceber e corrigir. É aceitar que sempre vai faltar alguma coisa — e, paradoxalmente, é justamente isso que nos faz seguir adiante. A incompletude não é uma falha da vida; é o convite permanente para nos tornarmos algo mais próximo daquilo que desejamos ser.
Reflexão: Odair José, Poeta Cacerense











